domingo, 29 de maio de 2011

Cena de filme



“O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente”. Ok, Fernando Pessoa. Grata pela explicação. E o cronista o que é? Um louco alucinado que vive em um mundo paralelo? Só pode.


O problema é sentir demais. Depois de tanto falar o dia todo e tentar entender e tentar não lembrar falei demais. Senti demais, tomei decisões demais. Rápido demais. Vi demais e o pior: Ouvi demais.

“Parabéns. Então? É menino ou menina?”

“Parece que é menina. Mas a mãe e está chutando. Nasce em outubro”

Engraçado como repórteres costumam estar bem posicionados. Repórter investigativo costuma ser "ligado" ... fazendo cara de paisagem, claro.

Enfim, tudo explicado. Até aquelas mudanças de humor. Aquelas expressões de perda, de tristeza, aquelas contenção nas palavras no gestos e a tentativa de não rir das minhas piadas. Mas aí, não dá. Ninguém segura!

Tudo bem. O velho Marx já dizia “Tudo que é sólido desmancha no ar’. E nós somos pós-modernos, não? Saímos nos divertimos e só acreditamos no que pegamos, no que é realizado, concretado, finalizado. Mas não era sólido. Era fluido. Era sutil. Era um desejo bom de sentir. Delírio bom de delirar. Brincar de ousar e surpreender. E pós modernamente – como convérm – Sorri. Abstrai. Fui bater papo com outra pessoa. Astrologia, política, feminismo, filmes, livros, organizações. Outras horas. Bem felizes e bem completadas em boa companhia

O ruim foi chegar em casa e a ficha cair. Acabou. Mas nem começou. O pior é voltar do jantar perfeito com amigos e com um trechinho da música da Elis na cabeça “não adiantou nada, nada...” É não adiantou nada...

Lá pelo enésimo erro no caminho para casa, na madrugada, dando umas bandas pela Esplanda (Será que a amplitude do cenário pode ampliar minha visão ou expandir minha alma?) o racional finalmente resolveu perguntar para o emocional (para acabar com a palhaçada):

“Mas você já não tinha se decepcionado? Já não tinha descoberto coisas que não aprovava?’

“Sim. Mas e daí? Eu sinto uma terrível atração por ele.”

“Mas, você já não tinha percebido algo estranho. Não estava querendo se afastar?”

“Sim. Mas, não tão de repente. Não, tão definitivamente. ”

Porque apesar do sentimento de estar sendo ridículo (mas só as pessoas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas - grata por mais esta Pessoa! ) na pós-modernidade nos viramos bem e esquecemos nossos medos e frustrações no fundo do copo ou em outro cigarrinho. Bom, Era loucura mesmo aquela energia, aquela troca de olhares, aquela vontade, aqueles e-mails de repente.... Enfim tudo, tudo bobagem. Mas, será que ele olha a foto que enviei? Será que ele escuta o CD? Agora não interessa mais. Trevelias do passado. As poucas horas já viraram passado distante. Não obrigada, não quero tocar no assunto.

É surpreendente notar que tudo virou cena de filme. Idem, idem, idem. Moça mais nova e mestre se encontram, se encantam e... nada! Enquanto a coisa se arrasta moça encontra homem mais jovem para namorar. Fantasia e realidade. Mas viver é isto é arriscar, é sentir é pulsar! Porém, depois de tanta coisa no ar, alguém tem que por os pés no chão. Pelo menos é ele que fica com cara de perdido! rsrsrs. Agora já dá para rir de tudo. Já podemos dizer valeu! (rendeu  até uma crônica! Tudo pela arte). Já podemos sair do cinema. Agora me veio uma lembrança o filme todo se passa em 1600 e alguma coisa... Somos mesmo pós-modernos?





 Mais detalhes....

http://www.youtube.com/watch?v=FH5Gh1nOl5Q