domingo, 28 de novembro de 2010

Atração, Desejo & Afins



Fim de noite. Hora de voltar para casa. Simone pega uma carona com o amigo Beto. E a madrugada é a hora das revelações.

- Beto, vou te contar uma coisa. Ao contrário do que a galera diz eu não sou muito seletiva. É que eu só faço sexo por paixão, amor ou desejo.

Beto olhou para amiga, espantado.

- Ué! Então, faz direto né? Porque as pessoas sentem atração uma pelas outras quase que por hora!

- Eu não faço sexo por atração.

- Você bebeu a mais? Acabou de dizer que faz...

- Eu disse DESEJO. Não atração.

- Tem diferença?

-Claro! O princípio é quase o mesmo. É como uma cor. Por exemplo, existe cor de rosa. Tem também o rosa salmão e o rosa pêssego. São tipos de rosa. Semelhantes, mas não iguais.

- Piorou. Tô mais confuso ainda...

E Simone define: Bem, atração a gente pode sentir por muitas pessoas. Mas, não significa vai rolar alguma coisa. Dá para segurar. De forma que se você sente atração por um amigo, você pode preferir matar este sentimento, pois pode perder a amizade. O mesmo com a atração por um chefe, professor ou amigo do namorado, etc. Enfim, sendo atração dá para sublimar.

E ela continua já que o amigo de tão chocado, calou-se... “Já o desejo não. Este é quase irrefreável. O desejo é forte, é fogo, é incontrolável. Faz as pessoas perderem a cabeça, a noção e até o senso do ridículo. No caso da pessoa que se envolve com outra comprometida, por exemplo. Só se for desejo mesmo. Em caso de simples atração, ela deixaria passar. Não vale a trabalheira.”

- Sei não, hein... Responde o Beto, saindo do estado da letargia.

- É sim! A atração pode ser contida pela moral, medo, ética ou equivalente. Tem limite. O desejo é se jogar. É viver aquele momento sem medo do amanhã, desencanado com o que vai dar. É a certeza que o agora vai ser ótimo! E dane-se o resto.

- Ah, saquei! É um lance meio Vinícius de Moraes “Que seja eterno enquanto dure.”

- Boa! Tá pegando a coisa! Atração: fogueirinha no sítio com amigos para tocar violão. Acaba rapidinho. Desejo: Fogueira de festa grande que dura o tempo todo. Muita lenha para queimar. Labaredas gigantes...

- Comparações. Ô Simone, tá dando quase no mesmo. Como no caso lá das cores.

- Aí que você engana! Estou falando de essência e gradações. Atração e desejo estão ligados a sexo. Como eu já falei, o primeiro é mais ameno que o segundo. E com as cores acontece o mesmo. Tudo muda dependendo da gradação. Digamos que você se veste com uma camisa verde. Ok, você estará vestido seja lá qual for o verde da sua camisa. E pode ser qualquer tipo de verde: limão, comum, garrafa, bandeira, musgo, exército ou o famoso verde bebê. Saiba que existem mais de 350 tonalidades de verde. Mas, com uma camisa verde bebê, você pode parecer mais sensível ou mais delicado. Já verde oliva pode te deixar mais masculino. Viu? Tudo é verde mas existe uma mudança de tom, que acarreta diferentes conseqüências.

O Beto, pensativo, silencia. Reflete um pouco e faz cara de confuso total.

- Cara, vou comprar um livro.

- Que? Que isto tem a ver com a conversa?

- Tô mais confuso que nunca. Só Sei que deve conter alguma verdade aquele livro “Mulheres são de Vênus”. Realmente, só seres de outro planeta para vir com essa loucura. Diferença de tesão, mistura de comida com cor. No mundo dos homens não tem nada disso. ... E o pior é que eu não consigo viver sem esses seres estranhos – as mulheres . Apesar destas doideiras quem resiste ao sorriso, ao cheiro e às curvas de vocês. De verdade? Eu não entendo nada disto mas, eu quero uma mulher que me deseje e se ela quiser me enfiar um camisa que me deixe mais delicado ou mais machão, eu tô nem aí. Quero é mergulhar neste universo complexo e cheio de detalhes que vocês vivem. Putz! Fiquei romântico. Me dá um beijo?

- ÃH???????????

- É que eu tô sentindo um desejo crescente...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Coincidência



A moda daquele inverno era cachecol no pescoço com vestido de malha. Eu aderi. Mas, sempre colocava um blaser ou casaquinho por cima. Contudo, ali diante dele sentada no chão e fumando, naquele calor, tirei o casaco.


- Sabe, não se usa “manta” com vestido. Eu vou te ensinar a te vestir...

Na hora achei que era só alguém querendo mostrar que era “descolado”. Na verdade, na verdade, eu quis dizer “Ui! Jura?” Mas, segurei. Também eu já estava com o tal casaco. Não dei importância.

Namorando há duas semanas e sendo uma pessoa pouco experiente você não acredita que seu namorado possa ser um gay enrustido. Separado e com filho... Não, não poderia ser. Isto é coisa de novela. Não poderia estar acontecendo comigo.

E a vida continua. E o sujeito vai se mostrando: preconceito com negros, com gordos, com índios, com mulheres. Preconceito é a coisa mais ridícula da humanidade. “É não dá mais!”, Admiti para mim mesma.

Entretanto, ele parecia bem interessado. Considerei de bom tom ter um pouco de tato para terminar. Um belo dia eu disse: “Homem que entende muito de roupa feminina leva maior jeito para gay”.

Ele bem assustado perguntou: eu levo jeito? Bem, jeito ele não levava. E também não entendia tanto assim de moda feminina como ele dizia (ou gostaria). Apesar de sempre querer se intrometer. Me recordo de um dia qualquer ele ter visto meu tênis novo. O cidadão já foi logo dizendo “Este tênis se usa com meias de cano curto.” É óbvio. Eu já estava com elas. Mas eu não disse nada. Fiquei pensando como ele era metido. Aliás, ele tinha um conhecimento superficial de quase tudo e queria mostrar que sabia ‘muito’ sobre tudo. Comigo não colava. Acho que isto o irritava bastante. Quando ele se deu conta que estava perguntando a minha opinião sobre livros e os textos dele, acho que ele passou a me detestar.

Mas, para mim o grande problema na época, era não saber dizer não, basta ou simplesmente ‘tchau’. E depois dele dizer não achava legal eu fumar o mesmo cigarro que ele, era para eu ter aberto a porta de saído imediatamente. No entanto, a decisão estava tomada: tudo teria fim no próximo sábado.

“Oi! Vou ter que viajar para cobrir aquela matéria. Tô te ligando para dizer que vou ficar com saudades. Quinta eu chego. Já dá para a gente se vê no final de semana.” Adia-se um término de namoro.

No outro sábado a gente se encontrou. Durante um almoço o sujeito faz umas grosserias e diz mais baboseiras. À noite brincadeiras machistas. Finjo que durmo. Não rola nada. De manhã ele toma um belo toco. Faz o tipo “Eu sou gostoso, mulher. E você se arrependerá”. Para mim era indiferente. Meses depois ele me cumprimenta numa livraria. Não sei que cara eu fiz, mas outra vez, em outra livraria ele foi mais comedido. Na terceira, eu fingi que não o vi e ele entendeu o recado.

Hoje vejo como é bom saber dizer palavrinhas como tchau, não e acreditar que pode acontecer com você também! Minha amiga namorou três anos, ficou noiva e tudo só porque não tinha coragem de dizer basta! Quase ninguém acredita nisto. Eu sim. Quase todos os relacionamentos que tive ou encontros que aceite em ir foi por pura falta de jeito de dizer NÃO!

Se fosse hoje eu diria para o cara, ô queridão, sai do armário! Ser homossexual é a coisa mais normal do mundo. Fingir ser hétero é bobeira. Mentir para você e outra pessoa é que não vale.

Mas, se eu tivesse sido um pouquinho mais esperta... gaúcho, de Pelotas... muita coincidência. Bem, é o povo que diz...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Virtualmente



- Meu carioca virtual chegou de viagem. E me mandou e-mail bem doce. Coisa de namoradinho!

- Puxa, Carol que legal. Este tal de sexo virtual é firmeza né!

- Não. No outro dia a gente estava trocando e-mail e de repente ele pediu desculpas, disse que não dava para continuar, que era traição e que a amizade continuava...
Silêncio. Mantenhamos o silêncio devido ao absurdo da coisa.

- E você Carol?

- Respondi o óbvio. Se um não quer, dois não teclam! E ele escrevia: “Sei que você vai entender, sei que você vai entender...” Na verdade não entendi nada. Confesso que fiquei atônita, depois com raiva, depois achei tudo ridículo. E passados cinco minutos achei tudo patético, depois fiquei muito puta e depois, pasmada. Ao final, morri de rir e achei tudo legal.

- Ãh???? Não acompanhei o pensamento. Pode retroceder, por favor? Acho que tem uma parte da estória que não peguei. Diria que tem “uma lacuna”.

- Assim: se ele não se sentia bem para quê continuar? Achei exagerado parar tudo abruptamente porquê nunca sequer foi aventada a hipótese de nos encontrarmos pessoalmente. E morando em estados diferentes a chance de nos ver era quase nula.

- And so???

- Então, achei bobeira parar porquê era uma brincadeira sem consequências. Por outro lado, achei muito bom pois ele ficava ‘ligadão’ e quem aproveitava era a esposa. Ah! Detesto fazer favor para outras mulheres! E depois ele foi tão legal! Disse que adorou a brincadeira, que foi a primeira vez que fez sexo on line. Era virgem neste campo! E além do mais, a gente tem tanta coisa legal para conversar que não precisa ser só sobre sexo.

- Sei, sei...Carol, te conheço. Tá muito tranquila. Perder, mesmo que virtualmente, não é a sua. Conta mais aí.

- Ah, e tem outra. Pode ser traição mesmo. Ou então ele achou que a coisa poderia esquentar e teríamos que nos ver.... viu as possibilidade são infinitas. Tem a rapidez do pensamento e a força da imaginação. Por isso, é melhor parar por aqui...

- E???

- E, na verdade, que esta história estava mexendo muito com minha imaginação. Queria falar tudo o que eu dizia a ele para um ser real. Queria realizar tudo! E aí aconteceu aquela coisa... Tive medo de ficar nesta onda. Até contei para o ‘namoradinho virtual’ aquele lance...

- O quê? Louca. Não acredito que você contou para seu virtual aquele lance da fantasia realizada como se fosse com ele.

- Sim, contei.

- E ele? E a tal ‘ressaca moral’ que você disse ter tido no dia seguinte que não conseguia nem se olhar no espelho? Nem apareceu no trabalho.

- Pois, é. Contei tudinho. E ele achou legal eu ter realizado minha fantasia. Deu maior apoio. Ele ainda disse que sentiu muito por não ter podido ser com ele mesmo. Ele não é fofinho? Um cara muito legal.

- Carol, esta sua ressaca moral se cura com sal de frutas é? E vocês são dois doidos. Pena que acabou. Adoraria ver dois ETs se encontrarem. Seria lindo. Nem o Quentin Tarantino faria uma cena destas.

- Ih! Você anda moralistazinha, hein? Que retrógrada...

- Ai, não suporto estes dilemas pos modernos. Que falta nos faz o Dr. Freud...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Traz o Vinho!




“Sabe, a menina era linda. Um doce. Mas quando eu senti nela o perfume da Renata eu pensei ‘ai se ela quisesse parar com tudo agora, eu não acharia ruim’. Você entende?”
“Meu caro Carlão, como entendo! Respondi”

É assim. Às vezes a gente até continua numa transa só para não ofender ou traumatizar o outro. Na maioria das vezes, só continua por não ter como sair mesmo...

Os motivos são vários. Lembrou do outro, pensou em si mesmo, viu que a pessoa que está na hora não é para você... Sei lá. Só sei que acontece. E não tem hora certa. Às vezes acontece antes de sair. Dá vontade de trocar de roupa, colocar aquele pijaminha e ler um bom livro. Em geral, a broxada interna é na hora “H” mesmo. E, de vez em quando, no meio do papo. É terrível.

Comigo já aconteceu duas vezes, antes de sair. Parecia cena de filme. Eu me dirigindo para o telefone enquanto o celular toca e o sujeito diz “Já tô chegando!”. Merda! E teve outra que foi questão de segundos. Eu já estava ligando e o interfone soou “O seu Rafael está aqui. Pode subir?”. A vontade era de suplicar ao porteiro “Nããããõ. Não pode, não. Inventa uma desculpa seu Zé e manda ele embora...” Tarde demais.

Às vezes penso que é a certeza da falta de intimidade. Não é porque as pessoas ficam nuas, se beijam, trocam fluidos, colocam as mãos e outras coisas em todas as partes do parceiro que elas são íntimas. Intimidade é ter aconchego, chamego, interação. Para mim, intimidade é uma revolução. Tem tudo que a gente necessita: liberdade, igualdade e fraternidade. Ser você mesmo não tem preço. Ser inteiramente você com alguém... É a melhor coisa! E vai ser doido na frente do outro e este outro ser macho o suficiente para ficar! Só com intimidade. É mais gostoso...

O outro motivo que dá vontade de gritar “Parem as máquinas!” É a certeza absoluta da falta de criatividade. Mais do mesmo, arroz com feijão, pão com ovo, estas coisas. Na verdade, acho que é mais isto. Falta uma certa ousadia, uma fantasia. Uma ilusão de um dia! Custa? Nem isto as pessoas sabem fazer atualmente.

De verdade? Tenho preguiça. Sou artista e gosto de coisas diferentes. E tem um monte de gente que conheço – Homens e Mulheres – que gostam mesmo é de uma boa fantasia, uma diferença. Sexo baunilha qualquer um (ou qualquer objeto) faz. Blargh!

O que custa a pessoa ‘encarnar’ uma cortesã do século XVIII, uma fada, uma borboleta, uma odalisca ou um Robin Hood? Quem sabe um Che Guevara ou um príncipe dos contos dos irmãos Grimms? Ou então, simplesmente, acreditar que sexo é brincadeira de adulto e fazer algo melhor, superior. Acho que é falta de vinho. Sou a favor do vinho. Umas velas aromáticas e uns tecidos transparentes também dão um “up” na coisa toda! Anotem o trechinho que separei aí. Vai que um dia serve... Pelo menos aguça a imaginação!

"Nada mais me interessa.
Ergue-te,
Traz-me vinho!
Amiga, esta noite
Tua boca amorável é a
Mais bela rosa do Universo.
Vinho! Vinho vermelho como
Tuas faces! E que os meus remorsos
Sejam leves, leves, tão leves
Como os cachos dos teus cabelos!"



Omar Khayyam

(tradução de Manuel Bandeira)

Do livro: Rubaiyat

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Homens, tornem-se interessantes!




Ah... a gente quando quer.... ninguém segura. É espartilho, caleçon, maquiagem, roupa curta. E o sorriso? Colocamos sempre o nosso melhor sorriso. Se o cara faz o estilo mais intelectual, não deixamos por menos. Falamos sobre aqueles filmes antigos, política ou levantamos uma questão histórica ou filosófica. As mulheres – não sei se por questões culturais ou dom natural – sabem se tornar muito interessantes. Dá até para ver a pupila do sujeito aumentando enquanto deixamos entrever um leve sorriso numa conversa.

E mesmo na correria diária ainda encontramos tempo para desenvolver um hobby. Pintura, escultura, dança, desenho, moda... ufa! O que não falta é coisa interessante para fazer e se envolver. Reparem, a maioria das mulheres tem algo a oferecer e encantar.

Os homens, entretanto, não parecem ter acompanhado esta peculiaridade. A maioria ficou presa na mesmice. Nada mais irritante. Enganam-se aqueles a que pensam “Ah! Tem tanta mulher no mundo querendo alguém. Para que aumentar minhas habilidades”. Tudo bem tem mulher que por criação ou carência ou sei lá o quê, aceitam qualquer coisa. E depois ficam reclamando. E a relação acaba com gosto de patê de pepino.

Mas, que tal fazer diferente? Que tal tornar-se mais interessante para as mulheres? Que tal um relacionamento – com você mesmo e as mulheres – diferente?
A maioria das mulheres que conheço acha um charme homens que cozinham. Então, por que não aprender uns pratos, conhecer um pouco de vinho... e convidar aquela gata para um jantar preparado por você? É muito mais interessante, pode criar um clima intimista. A conversa rola melhor... E, além disso, você pode ter um novo interesse! E entender de vinhos ou drinques? É marcar pontos, na certa!

Nada mais comum que homem que só fala (e só pensa) de futebol... é até legal, mas cansa. Cara, a vida pós moderna é outra! Hoje, as mulheres trabalham e não querem apenas um provedor para o lar e pai para os filhos. Se você ainda pensa assim... sei não. Sugiro conversar mais com as amigas e colegas de trabalho e rever alguns conceitos. As mulheres querem companheiros para construir uma vida a dois mais interessante – até para melhor enfrentar todos os problemas do cotidiano.

Vá lá. Cozinha não é o seu forte. Sem problemas. Tenho um amigo que começou a fazer marcenaria. Faz objetos lindos. Eu ganhei uma caixinha porta-trecos (e olha que eu tenho treco, viu!). A menina que ele estava a fim adora abajurs... Ganhou um sensacional! Conversa vai, conversa vem... estão se entendendo! Tenho um outro amigo que resolveu fazer jardinagem. Cultiva flores lindas. Faz arranjos maravilhosos. Tem papo para puxar com qualquer mulher. Aniversário de amiga? Ele já leva um ramalhete e derrete além da dona festa, mais da metade das garotas ao redor.

O bom não é só encantar ou usar um método para pegar alguém. O legal é tornar-se interessante, ficar acima da média, sair da mesmice. E ter algo interessante que goste de fazer. Não tem nada mais chato do que ir para balada e dar de cara com um sujeito que só fala de trabalho... um saco.

Agora, o bom é fazer ou interessar-se por algo com que se identifique e que faça por prazer. E que este prazer acabe por interessar ao outro. E não tornar o fulano um metido a besta que se acha melhor ou mais inteligente que todo mundo. Conheci um cara que era expert em filmes antigos. Legal. Mas falava com tanta empáfia que se tornava chato. O legal é interagir. É trocar!

Homens, tornam-se mais interessantes! Ser o comum macho-pegador já era. É cansativo, bobo e é como extintor de incêndio: só deve ser usado em caso de emergência.