sábado, 16 de julho de 2011

Teoria de buteco, bons de camas & outros



- Então deixa eu ver se entendi: ele não tem 1,80m, não é loiro, nem tem olhos azuis, é jornalista , é separado tem filhos e o pior – como você diz – é brasileiro. E mesmo assim você adorou estar com ele? O que é que esse cara tem?
- BBP.
- BBP? O quê é BBP ? É algum tipo de droga?
- BBP é: barba, beijo e pegada. É adrenalina pura.... Adoro homens com barba. É um fetiche. E se tem beijo bom e pegada boa, aí abala meu coração... e  meu corpo. E mente também. Toma conta do meu ser . Faz cada célula tremer, entende?
- Hum. Faço uma idéia. Enfim, achamos a exceção.
- Sim, confesso.  Meu sistema de escolhas racionais comporta exceções. Tenho tara num homem de barba ... E aquele beijo? Menina que que é aquilo! Homem tem que saber beijar. Sabe homem que curte beijar, acha bom? Eu viro a  menina do Chico Buarque, naquela do “Você vai me seguir”. Bem boazinha. Totalmente sob controle.
-  Opa! A coisa extrapolou. Estranho porque é reencontro com o passado. Outra regra quebrada, tsc, tsc, tsc.  Mas entendo. Já tive o prazer de estar com sujeitos assim. Que gosta muito de mulher. Começam a beijar pelo dedo do pé e vão subindo. Ui, me deu até calor.  Mas, hoje em dia este tipo de homem é coisa rara. Tipo mico leão dourado, sabe? É espécie em extinção. Alguns já viram. Contudo, a maioria só conhece  por foto. Outros estão no estilo caviar, do Zeca pagodinho.
- Não entendi.

- É assim: nunca vi, nem comi. Só ouço falar.
-Ah! Tá bom. Gostei da analogia. Assim, muitos podem entender. E no mais tem a pegada. Ai, a pegada... Também artigo de luxo na atualidade. Uma iguaria a ser degustada lentamente.
- Sem dúvida. A ser degustada com velas e flores, como foi no seu caso. Sabe, os caras hoje não tem coordenação motora. Ou beija ou fode. Detesto. Eu sou do seu time: tudo ao mesmo tempo agora!
- Claro! Tem coisa melhor do que um cara que transa beijando? Não existe. Tenho até uma teoria sobre o caso.
-Manda. Adoro suas teorias de boteco.
- A “Teoria dos Meninos de Apartamento”. É assim: tem um grupo de rapazes, na faixa dos 30 aos 39 anos, que não viveu. Só brincou no vídeo game e de carrinho de controle remoto no carpete. Carrinho de rolimã e subir em árvore, nem pensar! Daí eles cresceram e começaram a subornar o porteiro do prédio para comprar revista playboy para eles. Depoi, cresceram mais um pouquinho e enquanto a avó (que cuidava deles enquanto os pais trabalhavam) ia tirar um cochilo eles viam um filminho pornô. Só por meia horinha, claro. E eles acham que sexo é aquilo. Um roteirinho estúpido que comporta  um beijo,  dois tapas na cara, uma metida rápida (quase uma ejaculação precoce) e uma mulher com cara de “Ai, que tesão! Tô adorando”. Nada mais sem graça. Foram, logicamente, enganados.  E começaram a reproduzir esta banalidade nas suas relações. Então, quando a coisa começou a ser “pra valer” eles não sabiam sentir e ficaram assim, perdidões. Sem saber o que fazer com mulher de verdade.   Não sabem dar prazer e o que era para ser bom virou um tédio.  Corre daqui para ali em busca de algo mais e só se encontra vazio e frustração. Superficialidade com insegurança. Esta é tônica dos meninos de apartamento. De vez em quando sinto uma certa peninha deles. Mas, passa logo.
- Concordo inteiramente.  Não vão além do “esquema”. Não surpreendem e não aprendem nada novo. E pior: acham que mulher é tudo igual. Não sabem que cada uma tem um toque, gosta de uma coisa diferente, tem pontos de excitação diversos...
-Sim, é triste.  Mas, um dia eles aprendem!
- Quando? Os caras que a gente sai tem mais 30 anos. Aí já era. E com quem? Eu não tenho paciência para ensinar.
-Bom, eu namoro com “anjinhos” abaixo dos 30. Tenho uma índole professoral . Gosto de ensinar. Mas, você tem razão.  Caras de 30, 35 que não aprenderam nada nestes anos e continuam neste esquema “Vou fazer aquilo que aprendi no manual revista-filme pornô” não há quem aguente.
- E este BBP, tem quantos anos?
- Acho que 45.
- Olha só! Minha amiga pagado língua! Toda alegre em ter reiniciado romance com velho, desquitado, com filhos... só rindo.
- Mas, ele é divertido e inteligente. Terceiro lugar no meu Top Five.  Exceções, exceções. De vez em quando gosto de burlar as regras. Mas, só de vez em quando!
-As regras são suas. Burle quando quiser. E que fim levou aquela tal paixão platônica?
- Tesão platônico, para ser mais precisa. Era mais uma admiração. Bem, depois de uma  phoda homérica... Não há tesão  platônico que resista. É chulo dizer isto, eu sei. Mas, estamos só nós aqui com esta garrafa de uísque e não acho uma forma  elegante de dizer isto. Phoda homérica. Baco ficaria tímido!
- O professor então dançou?
- Dançou, extraviou, escafedeu, sumiu e desapareceu da minha mente. Serve só para assuntos intelectuais. Uma pena para ele. Eu estava cheia de idéias e quentes intenções. E não costumo dar segunda chance....  Tanto que eu nem lembrava mais dele. Se você não toca no assunto ia passar batido.
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Quanta mudança. É como diz o pessoal do futebol: quem não faz gol, leva!
- Digamos que é um chifre virtual. Fica mais excitante. Ai, este meu cisne negro quando sai é uma loucura. Por isso, tento mantê-lo amordaçado.
- Faz uma crônica sobre seus dois cisnes.
- Faço. Por enquanto, só quero lembrar  da parte boa da vida e  como é delicioso ter prazer.  O resto deixa para depois. Opa. Telefone tocando. É ele! Que frio na barriga. É tem gente  goooooosta  da coisa!




domingo, 3 de julho de 2011

Se apaixonar...




Se apaixonar... Não beba. Se você se apaixonar, por obséquio, não beba. Esta é uma mensagem que o Ministério da Saúde deveria veicular! Vamos implorar por esta campanha. Falo sério.
“Um celular na mão de um bêbado às três da manhã é uma arma. Há dois anos que você não fala com a figura... De repente cria ‘coragem’ e liga.”

Concordo com o Eduardo. Celular em mão de bêbado é letal.
“E o pior a ligação de volta no outro dia. ‘E aí? Comé que cê tá? Tá melhor? É chegar ao solado da existência”. Esse meu amigo entende das coisas!

É verdade. Pessoas apaixonadas, chifradas, com dor de cotovelo e afins, deveriam ser sumariamente afastadas de uísques, conhaques, caipiroskas e, principalmente, cervejinhas.  O garçom deveria andar com um aparelhinho medidor de ‘apaixonite’. 

- Sinto muito senhor. O apaixonomêtro atingiu o nível laranja. O senhor atingiu sua cota. Não posso servir mais que duas doses para você.

- Mas eu não vou dirigir. Estou de carona com os amigos. E além disso, eu nem gosto mais dela, aquela...

Aí o garçom diria sinto muito e prontamente bateria em retirada para a mesa ao lado. Os garçons seriam os anjos da guarda dos enamorados mal resolvidos! Será que eles passariam a cobrar a mais pelo serviço? Acho justo.

Daniela minha amiga caiu nesta mistura explosiva. Fim de noite: pega táxi e vai bater na porta do sujeito. Brigam ali mesmo. Ela volta pra casa a pé. O salto quebra. Até aí tudo bem. O problema é que no grau etílico que ela estava esqueceu de tirar o salto. Foi de um bairro para outro mancado.... E depois não quer que a gente ria!

E a falta de noção não acontece apenas nas noites urbanas, não! O Leandro contou saiu de Porto Alegre e foi para uma festa em Viamão. A certa altura teve que ir para a barraca. Não conseguia mais ficar em pé. “Ainda bem que eu tinha conquistado a garota mais linda da festa para dividir a barraca comigo! Eu pensando ‘ Ah, se a Luciana estivesse aqui para ver isso. Iria morrer de ciúmes ao me ver com alguém mais legal e mais bonita que ela...”. Na madrugada: ele acorda molhado com um cachorro lambendo-o todinho. O que aconteceu depois do coma alcoólico: Ele tinha armado a barraca num terreno inclinado. Choveu e a barraca virou. Ele e a garota foram parar numa poça d´água. Um cachorro entrou na barraca e ficou abraçado a ele. “E a menina era horrível. Só depois é que eu fui notar”!

Viram a importância da campanha? A apaixonite (seja em sua forma crônica ou aguda) não escolhe gênero, raça, idade ou posição social. É muito democrática.

E como sabemos (mesmo não querendo admitir) a mistura de álcool e apaixonite mal curada pode causar acidentes terríveis com consequências desastrosas como palavras deslocadas, discernimento quebrado, morte da dignidade dentre outros tantos traumas. Além é claro, da ressaca dupla. A física e a moral. E a segunda não há sal de frutas com analgésico que dê jeito...

O mais estranho é que a humanidade já evolui tanto e para certos males os cientistas não descobriram a cura. Atrasos indesculpáveis da pós-modernidade...