quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Confirmado: O Mundo Acaba em 2012!




Segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dando umas voltas pelas galáxias, batendo um papo com seres diversos aqui e acolá, tomando meu leite puro, diretamente da Via Láctea, tudo tranqüilo como de costume, quando de repente:
“Leona, Leona..”

Escuto uma voz conhecida... Quando viro, Ó quem tá lá! Arcanjo Gabriel, meu amigo.

- Arcanjo! Querido, quanto tempo? E aí? Tem alguma novidade?

- Tão te chamando. Você tem uma reunião daqui a meia hora terráquea.

- Como assim? “Estão me chamando”, quem? Na Terra? Olha arcanjo, desculpa, mas eu não vou ajudar ninguém, não. Tô aqui descansando. Deixei o corpo dormindo em estágio profundo.

- São Francisco. Ele quer conversar contigo!

- Não!!!!!!!!!!!!! Verdade? O próprio são Francisco! Ai, não diz que finalmente vou para outras paragens! Ai, que bom então “chegou minha hora”. Entendi.  Vou me despedir dos meus pais e meu irmão, amigos e professores. Ótimo. Sim, sim. Vou correndo! Finalmente, hein?

- Não é beeeeeeeem isso...

- Como assim, Gabriel?  Esta honra toda, São Francisco e tudo... ihhhhh.

- Recado dado. O próximo cometa que passar você pega. Vai te levar direto pra sala dele. E nada de cantar aquela musiquinha alfinetadora  “Deus é um cara gozador, adora brincadeira, pois pra me joga no mundo tinha o mundo inteiro...”. O Santo é paciente, mas não é o momento.

- Jesus, quanta formalidade!

- Aliás, o Santo Antônio também vai estar lá e ele é menos paciente ainda. Eles vão te dar as instruções.

Gelei. "Instruções". Dois santos. Sem cantar a musiquinha... Lá vem coisa ruim. Virei o leite e comi a flor – copo de leite – porque estas coisas demandam energia. 30 minutos terráqueos depois, entro na sala.

Mesa principal são Francisco. Ao lado Santo Antônio e Santa Clara. Já calculei logo que a coisa era grave. Santa Clara já era pra adoçar o negócio. Lá vinha coisa que eu não iria gostar. Em caso de revolta minha, iam botar a santinha pra falar comigo... ai, ai.

- São Francisco! Que honra vê-lo pessoalmente! Depois de tantas mensagens. Prazer também encontrar aqui Santo Antônio e Santa Clara que desde as encarnações européias me dão a honra e o prazer de estarem mais uma vez ao seu lado e....

-Sim, sim. Pode parar. Vamos direto ao assunto. Suas formalidades não interessam estamos com pressa.
Bom, se o santo, que é santo tá com pressa é porque a coisa é pior do que imaginei.

- Então cara alma desnorteada e bondosa de coração, temos uma revelação a te fazer e uma missão a te dar.

- Sim, claro. Estou à disposição. (O que você diria para esta tríade? Ai que saco? Arranja outro Mané? Não , né!)

O santinho, muito simpático pede para sentar, traz uma aguinha fluidificada e tal.

- Ao contrário do que você imaginava a Terra vai sim acabar. Deus está muito descontente, diz que o projeto fracassou. Tentamos convencê-lo do contrário, mostramos gráficos, projeções, mas ele não quer mais saber.
Santo Antônio interveio:

- É minha cara. O Senhor fez os cálculos e viu que a humanidade não tem mais como evoluir. Só daí pra baixo. Há alguns anos estamos enrolando com uma miseriazinha aqui, um vírus letal ali, uns tsunamis e uns terremotos acolá, e nada. Ele quer o fim. Ponto final. Acabou.

A Santa Clara muito constrita disse:

- É uma pena... Até Maria e Jesus foram falar com ele. Argumentaram, falaram do tanto que a Terra lhes pareceu agradável, que era uma questão sentimental, muitos amigos fizeram ali, mas Ele foi irredutível. E já definiu a data: 12.12.2012. Ele gosta de números pares. 

- Aí eu disse: mas, é claro. Ele deve estar engasgado até hoje com o que fizeram com o filho dele. Na maior boa vontade ele manda o menino lá pra ajudar a gente e fazem aquilo? Se fosse com filho meu aquilo ali já teria ardido em chamas e chuva ácida há muito tempo!

Francisco chegou-se lentamente e me interrompeu:

- Filha, Deus já perdoou. Eles não sabiam o que estavam fazendo. Francamente, comparar você a Ele não convêm. Ainda mais num momento destes...

Corei. Se é que eu faço isso. Imagino que deveria ter corado. Mas, calei. Achei mais diplomático e também tava numa curiosidade doida. Revelação deste porte... Será que poderia publicar? Sem revelar as fortes, é claro. Se bem que ninguém acreditaria. E ainda: eu poderia ser dada como esquizofrênica. Melhor não.

- Então? Com todo respeito, qual é meu papel nisto tudo já que Ele está definitivamente decidido.

- Salvar ainda umas poucas almas. Quanto mais puder, melhor.

-Mas, eu ????????????? Sinto muito, não levo jeito e ....

- Com exceção de matar − o que seria uma bobagem já vai todo mundo desencarnar mesmo  − em troca você pode fazer o que quiser. Que tal? Topa? Perguntei São Francisco.

-Agora! Respondi mais que contente.

- Só duas perguntas: o que eu fiz para merecer tal “exceção” e como posso ajudar. Ainda não atinei. Ao que o santinho respondeu:
- Primeiro: o seu amor e suas boas ações te salvaram. E a segunda resposta é: você tem o dom da comunicação. Basta comunicar. Use seu blog, por exemplo. Escreva o que quiser e divulgue.  Algo que coloque um pouco de amor no coração da humanidade.

Depois da felicidade em saber que EU estava certa o tempo todo e pensar como e o quê comunicar veio o pensamento: Tudo o que eu quiser menos matar? Fiz um check lista: reencontrar todo(a)s chefes babacas que tive na vida e xingá-los  de palavras inesquecíveis,  encontrar alguns ex  e pormenorizar o que realmente eu penso deles, falar com umas tias coisas que sempre quis dizer...

Pensei nisto tudo e achei tudo muito excitante, mas o mundo iria acabar e, de verdade, tenho nojo dessa gente. Considerei melhor continuar assim, sem ver estas pessoas tão desagradáveis, para não perder tempo.
Concentrando enfim na missão achei muito mais interessante fazer o que pediram. Enfim, falar o que der para tentar salvar umas almas desgarradas. Em um ano? Bom, pouco a fazer.  Anyway, se é para usar o blog sobre relacionamentos e estando no Brasil lá vem a crônica dentro da crônica:

Relacionamentos, fobias e jogos

Não sei se vocês já notaram, mas ultimamente as pessoas (homens em especial) estão com fobia de relacionamentos. Ou melhor, medo extremo de se envolver de verdade. É meio triste. Não, não: é inteiramente triste esta superficialidade, este medo de se entregar.

‘”Só se envolva se ele se envolver. Vai se mostrando aos poucos.” , disse um amigo meu, muito querido, na vontade de ajudar.

- “É isso aí! Valeu pela dica.” Agradeci. Faz sentido.

Entretanto, isto tem sido levado ao extremo. As pessoas não param para enxergar o outro. E de tanto ter medo de se envolver acabam todos sozinhos mesmo.

O pior não são os sozinhos solteiros. É a solidão a dois. Existem vários casos. Quando aquele casal super fofo se separar de repente saiba − ficaram anos sozinhos, mas um ao lado do outro. Sorrindo amarelo, para dar mais veracidade “à coisa”. Aliás, tenho um amigo, hétero que namora há três anos uma garota que ele considera ruim de cama e mega ciumenta. Avaliei que o relacionamento deveria bom por qualquer outro motivo. Ele me confessou dias desses que anda culpado, porque conheceu outra mulher , muito interessante e está confuso.  "Ué tenta a  nova pessoa". "Ai mas já estou tão acostumado com o que eu tenho..." , respondeu meu amigo. ele contou ainda que ele era o feinho da turma que não pegava ninguém! Nem precisa ser o Sr. Freud para entender a situação! Enfim este exemplo foi só para mostrar que não são apenas as mulheres que se conformam em um relacionamento.

No entanto, o pior de tudo que escutei em 2011 foi um grupo de mulheres reclamar que tinha receio de fazer carinho (Fiquei bege). “Eu tenho medo de fazer até um carinho, um gesto de ternura no cara. É algo bom e normal, mas eles interpretam como se eu estivesse apaixonada  e aí tudo desanda”.

Por desanda entenda o cara dá um pé na bunda, ou pede tempo ou ainda tenta humilhar a coitada. E mais: ele acaba por se achar a última bolacha do pacote (Esquece que a última é sempre a toda quebradinha e detonada). Um tédio.

Se ela quer ser carinhosa, qual o problema? E qual a dificuldade em receber amor e carinho? Não dá para entender. Homens tentem receber. Pode ser melhor do que estes namoros ridículos, estas ficadas sem graça e este sexo baunilha que vocês andam tendo por aí. Tentem melhorar. Coloca aí na listinha de ano novo: melhorar só para diferenciar! Que tal?

Outra coisa para a listinha dos meninos: Que tal parar de acreditar que as mulheres estão doidas atrás de homem e pararem se fazer de difíceis e gostosos? As mulheres que eu conheço querem amor e carinho. Elas, em geral, procuram isto nos homens. Mas aí, quando descobrem que eles não são nada disso e estão se colocando num patamar fantasioso, acontecem dois fenômenos: umas sofrem e aceitam caladas ficar com alguém que elas não gostam só para dizer para a sociedade que estão com alguém. Outras não aceitam, focam no trabalho, nas viagens, na maternidade (adoções, produção independente, fertilização, etc) e se pintar um bom relacionamento, melhor. Por isso, 9 entre 10 mulheres sonham com um estrangeiro (leia-se europeu). É os caras tem outra cultura, em geral, eles conhecem a história, os antepassados viveram períodos de guerra e os europeus de hoje  dão mais valor ao sentimento, à solidariedade ao carinho, etc.

Para resumir: larguem de ser otários e vão amar de verdade. Com tudo o que isto pode trazer de bom e ruim. O legal é viver tudo, com profundidade. Parem de perder pessoas interessantes e que vocês não deram valor. Depois não adianta ir atrás. Deem o melhor de si e não esperem apenas que o outro se dê. Este joguinho de gato e rato é uma babaquice infantilóide que faz todos perderem. Vai ser feliz em 2012!


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Agora?



Agora?

Eu não entendo. Agora?
Agora que eu não quero mais.
Agora que já durmo sem pensar em você
Agora que não acordo mais no meio da noite a me acariciar lembrando da sua voz, do seu cabelo, do seu olhar...

Agora que você tem outros compromissos
Agora que eu finalmente parei de tremer na sua presença
Agora que eu não perco o sono sabendo que vou te ver no outro dia.

Agora você vem, no meio da conversa, largar  um “você continua linda!!!”
Agora você vem “trocar uma idéia”
Agora você vem todo simpático, cheio de charme
Agora você coloca seu sorriso mais lindo
Agora? Eu esperei tanto... que cansei. As coisas mudam

Agora já era.
E eu só queria te ter uma vez...
Lembre-se : as coisas mudam. Eu te quis demais. Porém, acabou.
Sinto muito.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Nova Paixão # 01 (sentimentos)




“Alguém me disse que tu andas, novamente, de novo amor nova paixão, toda contente...”

- Que nada. Boatos...

- Sei. E este sorrisinho na cara? Este brilho novo no olhar?

- Imaginação sua.

- Eu te vejo todo dia. Não iria notar?

- Errado. EU é que te vejo todo dia. Você é um espelho. Desculpe, mas não deveria nem estar falando.

- Ah, só tá a gente aqui. Conta, conta!

- Ai, não enche (sorrisinho). É só um amigo.

- Acertei! Tem alguém. Amigo. Sei.

- Amigo, sim. A gente conversa. É só.

- Ele é gay?

- Não! Quero dizer, acho que não. Não parece. Ah, você me confunde.  É amigo e basta.

- Ah! Saquei. Não rolou ainda. Então deixa eu te dar a real: se não é gay, não é amigo só de conversar. Outra: Eu conheço esta cara de quem quer fazer travessura. E no mais, alguém se interessa (leia- dá) para inimigo? Nunca vi.

- Olha a intimidade. Pode parar. Agora é assim, a gente tem enjôo, tá grávida; a gente fica triste, tá com depressão; fica feliz, tá apaixonada. Já falei que detesto rótulos. Estou acima destas mediocridades.
- Ok. Só que já são cinco crônicas em uma semana. Três na gaveta. Esta produção, em uma semana, não é vista desde o ano passado.  Combustível novo. Confessa. É loiro?

- Moreno.
 
-Ahá! Não disse!

- A- m-i-g-o.  Quantas vezes vou ter que repetir? Eu estava com uns problemas pedi ajuda, ele deu uns conselhos. Foi só.

- E parou por aí?

- Ué ficamos amigos.  A gente se fala.

-Quando?

- Ué , todo dia.

-Babaaaaaaaado. E o Glauco?

- Ah, sei lá. Encheu.  Me irritou. Este meu novo amigo também acha o Glauco...

- Epa! Conhece o Glauco! É amigo dele? Babado. Sabia que tinha algo diferente.  Tá na cara! 
Contabilizemos: no Glauco, nunca mais se falou; o platônico nem sequer um pensamento e para o ex- namorado que quer retornar , nem um e-mail... é esse cara é bom.

- Bom mesmo. Bom amigo. Gosta de conversar.

- Sim, sim. Bom de papo! Estes são os mais perigosos! Delícia. Tô curiosíssimo. Quero conhecer.

- Que mente suja. Aliás, você nem existe, não tem mente. Eu é que estou doida.  E não se fala mais nisso.
 - Peraí. Só mais uma diquinha: este aí tem algum diferencial. Olhos azuis? Cabelo grande? Fala cinco línguas?  Beija em quatro idiomas? Não pode ser bom só de papo. Te conheço. Só “legal” não te deixa com este olhar  vibrante e esta casa na temperatura constante de 45°. Aliás, há muito não fica com esta temperatura toda e..

- Acima de 1,85m.

- Uau! É como eu digo, acima de 1, 85m cada centímetro é mais amor!

- Sou eu quem diz isso, esqueceu?  Copiando fala  “Mr. Holmes” ? E eu  já vou. Você tá muito chatinho hoje. Beijo, tchau.


No carro...

É nisto que dá a gente ler muito conto de fadas. Um cara legal parece um príncipe e o Jorginho purpurina parece espelho falante. Ai, estes pensamentos. Ai, se o Jorginho purpurina descobre...  Será que tô mesmo com cara de quem quer fazer travessuras?  Mas, o purpurina tem razão são três passados varridos... Este cara tem potencial!
Adoooooooooooooooooooooooooro!



terça-feira, 1 de novembro de 2011

O Príncipe (des) Encantado






Mais um sábado. Certamente outra louca desvairada vai me ligar para contar uma estória doida que vai para o caderninho de anotações onde permanecerá indefinidamente  porque estou sem tempo. Nâo! Esta boa.

- Oi, Patrícia! Tudo bem? Ué amiga, sumiu!

- Ai, vc não sabe o que aconteceu ....

 (realmente eu nunca sei mas sempre vou ficar sabendo!)
- Não. Mas,  conta.

- Lembra que eu sempre pedi aos céus um cara alto, bonito, advogado ,  rico, entre 30 e 40 anos e que nunca houvesse sido casado?

- Lembro, claro...Nããããão! Não me diga que encontrou. Mentira! Jura?

- Encontrei.

Quando a Patrícia confirmou a existência do príncipe encantado eu comecei a lembrar do meu desejo de encontrar  um lugar com  céu lilás, cachoeiras douradas, árvores de tortas de limão e unicórnios voadores. Senti  esperança num mundo  melhor e ....

- Oi, Leona! Tá escutando?

- Tô! Conta, conta. Menina você ganhou na loteira! Que  pensamento forte! Ele tem amigo? Tem irmão... Ei? que voz é essa?

- É que... sabe....

-Ai, ai, ai, ai! Não sei  nada não. Que é? Não vai dizer que encontrou um defeito no cara e que não quer ficar com ele. Olha aqui eu já vou logo dizendo: a próxima vez que você vier chorando e dizendo que “meu sonho é casar”, “eu não encontro ninguém”, “Eu, logo eu, que sou tão compreensiva, aceito qualquer coisa e faço tudo pela relação” e blá, blá, blá  vou jogar esta na tua cara. Olha lá do jeito que pediu veio. Tido o que estava na lista, está no produto.

-Posso falar? Eu tô sofrendo.

- Conta (eu já sem a menor paciência). Mas, tenho um segundo aviso: O PRINCÍPE WILLIAN DA INGLATERRA JÁ CASOU. NÃO ESTÁ MAIS NO MERCADO. Só para constar.

- Pois é. Tudo porque eu pedi... Mas é que o Luiz, este advogado, é chato.

- Detalhes,  por favor. Tá muito estranho este papo.

-Sabe eu o conheci num bar. Amigo de uma amiga. Sabe como é papo vai papo vem... pegou meu telefone, me convidou para sair e ... chegou atrasado. Ai, detesto atrasos. Dezoito minutos  e nem ligou. Aí liguei para ele que rapidamente disse  “já estou indo”. Enfim chegou . Quase 40 minutos atrasado.

- Hum... feio  né... mas ninguém é perfeito. Repita isso todo dia na frente do espelho. Você será mais feliz,  acredite. Prossiga.

- Eu me segurei.  Amiga, quando  desci  o cara me esperava numa Mercedes, a coisa mais linda. Sabe, me senti num comercial de TV.  Fiquei toda feliz. Esqueci do atraso.

- Continua. Por que depois de você ter dispensado este príncipe eu vou aí te internar.

- Restaurante esplêndido. Infelizmente  o sujeito  começa a falar. Ai, que tristeza! Vou resumir. Ele disse que a ditadura foi boa para o Brasil pois salvou o País. Hitler foi um grande líder e direitos humanos é coisa para bandido...instantaneamente virei para o garçom e supliquei  "Um Jack Daniels, sem gelo".

-Patrícia, sua louca! Por que você não pegou um táxi e veio embora? Quando for assim liga para uma amiga para ir te buscar.

- Pensei  nisso. Mas aí lembrei  de vocês me  dizendo que eu sou muito exigente, que eu ponho defeito em tudo... Resolvi que desta vez iria dar certo!  Marquei uma segunda saída.

- Que merda.

- Fui a uma festa com amigos e foi um desastre. Na volta ficamos conversando na garagem do prédio. Nem quis nem deixá-lo subir. Então tive que escutar como ele era fodão em ganhar dinheiro, como fazia as aplicações renderem estratosfericamente, como o apartamento dele era maravilhoso e como ele achava uma babaquice as pessoas saírem da casa dos pais para passar dificuldade e que ele só havia diexado a  mansão no ano passado,  com tudo pronto...

- Já te falei. Criança de 20-25 anos...

- Ele tem 38.

- Quê? O cara ficou até os 37 na casa da mamãe? Kkkkkkkkkkkkk. Que lástima.

- Calma. Nos beijamos. Olha, não lembro de ter dado m beijo tão sem graça assim desde a época que eu treinava com o joelho. Sim porque, quando comecei a treinar com o sorvete de  casquinha do Mc donald´s era legal.

- Que coisa.... bom pelo menos parou por aí.

- Não! Eu tentei! Eu sou brasileira e não desisto nunca.  Tentei. Um solteiro bonito e rico querendo namorar? Ah, tentei.

- Não me diga que...

-Sim! Depois da terceira saída fui a casa dele! Chego lá, miraculosamente, tem tudo  o que eu disse que gostava: champagne de marca boa, queijos, taças maravilhosas....e a cozinha dos meus  sonhos. Eu  comecei até a me imaginar naquele cenário. Dona de casa, filhos lindos, motorista , empregadas, governanta. Comercial de margarina era feio perto da visão que projetei. Bebi bastante e fui.

- Já sei! Ele tinha o pau pequeno!

- Diminuto. E além disso era péssimo de cama. Ainda bem que durou, muito, muito pouco.

  - Pat, você viveu nova experiência  Kafikaniana! Porém, ao invés da transformação do homem em inseto, o príncipe se transformou num sapo!

-Minha avó explica isto de outro jeito: “Fruta muita dada, ou tá podre ou tá bichada”. Nada como a sabedoria popular....

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Fim de Caso





- Tudo bem. Mas, antes de ir tenho algumas coisas pra te dizer.
- Ai, Carlos, sinceramente, a gente já disse tudo o que tinha para dizer você já me magoou não me deu valor e ....
- E você é uma mulher muito sensível, muito inteligente, bonita, estudou fora e não precisa passar por isso e etc. Já sei.
- E é verdade. Você pode estar zombando porque é um tosco. Mas, esta é a verdade. Dá licença. Pode ir. Está piorando as coisas. Vamos terminar assim, com uma certa dignidade.
- É que eu não falei tudo. E sendo você uma pessoa que como você mesma diz a “defensora do direito supremo da expressão e do diálogo” não vai me negar este que é meu último pedido: uma fala. A minha percepção das coisas. Posso?
- Claro. Pode falar.
- Você acha que engana a quem?
- Não entendi?
- Realmente não descarto nenhuma das suas qualidades. Até colocaria outras. Mas, no fundo você não gosta de ninguém. Atenção! Não estou dizendo amar, pois isto seria mais profundo, demandaria mais tempo. Gostar apenas. Você não gosta de ninguém.
- Isto é um absurdo. E tudo que eu já fiz pelo nosso relacionamento? Principalmente, nos últimos temos? Faça-me o favor. Não preciso lembrar que foi você que passou a sumir nos últimos finais de semana, me deixou sozinhas e... Bem, não quero mais falar sobre isto. Vou apenas te escutar. Prossiga, seja rápido e vá embora.
- Vou embora. Mas, não vou ser rápido. Tudo o que você fez? Em três meses?  Do jeito que você fala parece que somos casados há trinta anos. Ok, eu dei umas vaciladas e te deixei dois fins semana e um feriado sozinha. Aliás, você contabilizou tudo muito bem. É estranho que alguém tenha todos os podres do outro tão vivos e tão bem contabilizados. Será que é para usar num momento propício? Não me importa, porque pra mim o pior mesmo é sua cara de alívio. Peraí, deixa eu terminar. Você sente alívio quando um dos seus ficantes ou namorados pisa na bola.  Eles te dão munição para terminar. Está pálida? Bem, você enganou os outros trouxas. Saiba que você nunca me enganou. Você nunca esteve realmente preocupada com meus sumiços. Você se sente entediada. Aliás, nos últimos 10 anos você sequer se interessou de verdade por alguém.
- Carlos, onde você quer chegar com estas insinuações. Quer reverter a situação? O culpado é a vítima? Ih, tá perdendo tempo.  Eu não caio nestas manipulações. Se este é seu objetivo, sinto muito....
-Sente nada. Você não sente nada. A única pessoa que você gostou, amou, se interessou ou coisa que o valha foi aquele italiano.
- Deixa o A. fora disso. Você está sendo ridículo.
- Por que? A verdade te incomoda? Não, querida, a verdade não te incomoda. Incomoda a você saber que existe alguém no mundo que não é tão burro assim e descobriu seu segredinho. Você finge. Finge para você mesma que está interessada em alguém. Que quer namorar alguém, que quer encontrar um grande amor. Mentira. Você quer um outro A. E sabe que isto é impossível. Se diverte, ou aplaca um pouco a carência afetiva ou sexual, se sente menos só com alguém. Mas, logo se entedia. 
- Você está doido.
- Você sabe que não. Você fica com raiva sim, mas é pela falta de respeito em geral, pela falta de nobreza e sentimentos maiores que deveram existir na humanidade. Para você é tudo uma questão de princípios. E não por sentir algo pelo infeliz do seu lado. Sim, você tem nobreza. O detalhe é que você pensa que não fere as pessoas. Você fere mais ainda. Gostaria que você visse seu olhar de tédio, de reprovação. Sua cara de “eu mereço coisa melhor”. Acredito que nos primeiros dias – digo dias, não semanas – você de verdade pensa que vai poder se interessar por alguém. Mas que nada. Você nunca se interessa por ninguém.
- Você está criando uma pessoa que não sou eu. Eu fria e calculista? Bem que eu gostaria.
- Acredito que você não perceba. Mas diga rápido o nome de alguém que você realmente achou ruim ter perdido. Eu deveria ter filmado isso. Longos segundos sem resposta. E mais: você não está nem aí para ser amiga dos seus ex. Você adora seus amigos e por isso jamais teria sequer uma noite com eles. Você separa muito bem as coisas: Se você gosta de um cara ele é seu amigo. Se você o admira então sem dúvida o cara é seu professor ou um intelectual, que você nunca perderia o prazer da conversa ou daria a menor brecha para que não fosse respeitada. Beijo, sexo, intimidade física com estes caras? Nem por um breve instante. Você pode até jogar um charme por esporte, para dar um confere, para rir da cara de bobo dele, mas além disso,  eu duvido. E se alguém me dissesse que você me traiu eu nunca acreditaria.
- Uau, eu nem sou tão pérfida assim. Que bom!
- Você jamais daria este mole. Nunca daria a ninguém o prazer dizer que você teve um comportamento menos nobre. Alguém te julgar? Acho impossível. Você é honesta, justa e não mente por questões filosóficas. E também porque nada paga este olhar triunfal que diz “Viu seu fraco. Caiu na primeira tentação. Seu fracote. E eu? Viu como sou virtuosa”
- Carlos, você está delirando. 
-Confessa. O que vale mais para você uma vingacinha boba, machucar o outro com uma infidelidade banal ou um com aquele olhar de superioridade. Fala a verdade.
-  O olhar, claro.
- Além disso, você já está com alguém para curar uma carência. Aguentar outro chato na sua vida? Não, esta não é você. Aliás, ninguém tem que ter medo de ser traído sexualmente por você. Afetivamente, é outra coisa. O cara já entra corno. Porque você ama outro. Ama um fantasma.  
- Quando você fez este curso de psicologia por correspondência que eu nunca soube?
- Bem, estamos no campo da ironia. Melhor que o do desprezo. Bem, melhor do que aquela falsa concordância, seguida de suspiro e sorriso amarelo, com voz doce: “que interessante!”. de aí que você carimba na testa do sujeito: IMBECILÓIDE.  Eu nunca tive sua admiração. Tive seu olhar , no começo. Imagino os idiotas que imaginaram que você estava se importando com eles quando se dizia muito decepcionada.  Ou você acha que não escutei aquela sua conversa na cozinha com a Helena sobre não lembrar ao menos o nome de um ex-ficante que você encontrou no Congresso. Não querida, não precisa dizer que é pela quantidade. Sei que você não teve muitas pessoas. É pelo desprezo mesmo que estes caras te causam. Você despreza todo mundo. Isso dói. Você acredita mesmo que ninguém percebe? Percebe sim. Não diz, mas sabe que algo está errado. Agora me diga como você se sentiria ao lado de uma pessoa que em cada livro sobre sexo, erotismo, viagens ou poesia tem uma foto do ex. Aliás, você não está gostando muito do  Max Weber, né? Nos livros dele não tem nada. O mais chato mesmo foi pegar o livro de letras de canções do Chico Buarque. Teu ex marca a canção “Eu te amo”. Bela foto do casal se beijando. Muito óbvio.  Você tem alguma foto minha no celular? Não estou nervoso não. Deixa eu terminar. Não quer que eu vá embora logo? Então deixa eu te provar que não há mocinhos nem bandidos aqui. Eu não sou o único culpado por este breve relacionamento não ir adiante.
- Bem, é que....
- Continuando, porque eu também quero terminar isto logo.
- Você sente tanto perder seus “amores” que você simplesmente deixa de falar com as pessoas. Assim, normalmente.  E nem vem dizer como eu sei porque além de ver acontecer você  já falou que fez isso. Se as pessoas começam a te incomodar, ou se tem um se mostram conservadoras ou retrógradas, você simplesmente pára de falar com as pessoas como se elas nunca tivessem existido.
-É verdade. Mas não faço isto apenas com homens com os quais tive relacionamento. Faço com todos. Mulheres, homens, colegas... do jeito que você e coloca parece que faço isto com  ex.
- Engraçado, você diz que quer aprender a ser orgulhosa, pois “é um ser desprovido de orgulho”, que é muito boba e blá, blá, blá....  Tá querendo enganar, quem? Você é muito orgulhosa. Basta que pisem no seu calo. Antes disso, tudo bem. Lembra aquela vez que formos a uma feijoada na casa do sua amiga Cris? Sim, uma das raras vezes que você bebeu? Pois é, eu escutei atrás da porta. Feio, baixo e desprezível?  E daí?Escutei.  Fiquei feliz em saber que eu não era nem o velho, nem o gordinho, nem o bom de cama sem diploma pois estes eu sei que você “morre de nojo”. Interessante que você nem cita o nome dos caras. Ah! A parte que eu mais gostei foi aquela que você disse estar caminhando com o então namorado e ter encontrado uma amiga do curso. Morreu de vergonha por estar com... Como você disse mesmo? Ah, “Um ser inferior”.  A senhorita ‘Igualdade’ me surpreendeu. Eu imagino quando você “aprender” a ser orgulhosa... 
-Você está distorcendo as coisas. Deixa eu explicar.
- Não precisa. Eu só gostaria que você soubesse que sua indiferença mal contida dói. Sua repugnância mal disfarçada é terrível. Sim, sim, você nunca deixou de ligar quando prometeu, nunca chifrou ninguém, nunca fez isto ou aquilo. Mas de verdade, além destas coisas consideradas certinhas, você já gostou realmente de alguém?  
- Nossa como eu sou megera. Continue.
-Sabe,  gosto mais de você assim. Fria, dura, sincera. Impaciente para se ver livre desta pessoa insuportável. Esta é você. Aquela pessoa adorável, gentil, que vai para cozinha fazer o melhor macarrão do mundo quando a gente chega do futebol é a outra.
- Agora eu sou esquizofrênica? Hilário...
- Burra você não é. Você já entendeu perfeitamente onde quero chegar. Antes que eu terminasse o raciocínio já estava entendido. Esta sua astúcia e inteligência estratégica me deixam exasperado. É isto mesmo. Sua melhor parte, também existe, também é real. Mas está guardada para poucos. Você era assim com o A. Pra mim ou outro qualquer foi teatro. Você é ótima atriz. Você pode ter tentado. Eu posso ter sido otário por também não ter tentado te atrair. Mas de verdade, eu só percebi que eu nunca signifiquei nada para você há pouco tempo.  
- Carlos, chega. Eu concordo com você em algumas coisas. De fato eu não gosto de muitas pessoas. Mas, eu sempre tentei gostar de alguém. Algumas pessoas só tem de mim o desprezo. Você eu respeito. Eu só não quero um relacionamento, pois não damos certo. Eu queria que você tivesse se esforçado um pouco mais. Sinto muito por não ter guardado as fotos. Acho, de verdade, que elas deveriam estar no fundo do baú. Agradeço seu alerta. Você está errado ao pensar que eu não quero viver o amor com outra pessoa. Eu amei muito o A. há tempos só guardo dele boas lembranças e quero que ele seja feliz. Eu acredito firmemente em princípios e não concordo com certas coisas. Você errou em sumir e dar desculpinhas baratas.  Se eu não te dei o que você queria tampouco você foi legal comigo. Espero que você trate melhor sua próxima namorada. Não sei se isto importa agora, mas eu realmente me interessei por você. Achei que seria diferente. Sim, muitas vezes eu estava com alguém por medo da solidão e sem tem algumas pessoas que me são totalmente indiferentes, você não está neste grupo. Quero que você seja feliz e aceite minha amizade. No mais você acertou em algumas coisas, mas no total exagerou. Você sabe que não sou uma pessoa fria e calculista. Se em alguns momentos errei, te peço desculpas. Você desabafou e eu já disse como você me magoou. Está tudo certo. Agora te peço: Por favor, me deixe só.
No outro dia...
-Amiga, então o Carlos falou isso tudo? Tô bege. Eu não sabia que ele era tão sensível e percebia as coisas tão bem!
- Helô, até pensei em pedir para voltar. Imagina um hétero sensível! Mais raro que mico leão dourado... Porém...
- Bateu aquele orgulho, né! Não seja boba, pede para voltar.
- Que orgulho nada! Eu lá tenho orgulho? Nem sei o que significa esta palavra. É que eu fui varrer a casa e achei meu diário em baixo do sofá. Sim, eu mantenho este hábito estranho. Ele simplesmente leu tudo e juntou com alguma coisa que escutou....
- Ufa! Ainda bem. Já estava preocupada. No dia que os homens começarem a descobrir nossos segredos mais bem guardados a coisa vai ficar muito ruim. Mas, a pergunta que não quer calar: Você gostava ou não do Carlos?
- No começo. Depois, tudo igual... Um tédio! Não via a hora dele me dar um motivo para terminar...

domingo, 28 de agosto de 2011

O CORNO





Ele entrou na salinha e sentou na poltrona que estava à minha frente. Estava atordoado. Só deu tempo de dizer a ele “boa tarde”.

“Boa tarde”. Respondeu. O rapaz nem deu uma pausa e já foi logo despejando:
“Sabe eu não consigo esquecê-la.”

Uhmm. Resmunguei. O que ele tomou como um sinal para continuar a falar já que não me olhava. Tinha os olhos fixos no chão. O corpo um pouco arqueado para baixo e as mãos sobre as penas. A cabeça pendente para baixo, aliás como convém nestes casos.

“Ela é linda. Não é culta. Meio vulgar, meio baixo nível. Mas fazer, né? Eu gosto assim.” E foi falando. “Mas, ela me trocou por sujeito mau caráter. Ele tem estatura mediana, é um sem eira nem beira, um funcionário público qualquer...

Aí o cara começou se a desesperar. E eu só olhando. À vezes dizia “arrã”, outras “hummm”.

E o corno falando: “Ela, a Jacqueline, não sabe o tanto que eu a quero. Ela não podia ter feito isso comigo.”

E eu: “hummm”

O corno: “Até conheci outra garota legal. Esta culta, linda, corpo escultural, perspicaz, fina, elegante e muito inteligente... sabe, uma pessoa boa mesmo. Esta outra mulher até me ajudou num momento difícil. E ela não gosta daquele cara

Sim, porque todos se conhecem. Somos todos da mesma turma”. E não parava. Parece até que as palavras iriam aparar o chifre, pensei.

E ele: “Esta nova mulher até disse que não entendia porque a Jack (a minha amada Jack) estava com este otário.”

Eu tomei coragem e disse ao corno “continue”. Foi para incentivá-lo, pois notei que ele estava ficando envergonhado.

E ele. “Esta outra mulher não sabia que eu tive uma caso com a Jack. Já tinha acabado, claro. A Jacqueline numa bebedeira disse que amava o outro – o mau caráter e galinhão  – disse que o amava que queria ficar com ele. Me senti diminuído.”

“Normal”, entrecortei quando deu uma brechinha.

 Aí o fulano explodiu: "Mas, a primeira me trocou. E eu sou obsessivamente louco por ela. Não sei como ela me trocou por aquele sujeito. Que faz parte do meu grupo de amizades. E eu tenho que conviver com ele. A única coisa que consegui foi afastar ela e a segunda mulher também. Pedi para os amigos não chamarem as duas para sair com a gente. Mas, a verdade é que eu durmo e acordo pesando na Jacqueline”. E desata a falar, o corno.  “Eu que tenho doutorado! E perdi a Jack para um idiota que só saber falar de Harry Potter...”. Não se contendo o corno desaba a chorar...

Como a cena descambava para o limite do ridículo ou para o gravemente patético, criei coragem e disse: "Bem, vejamos. Deixe-me recapitular: você estava com uma mulher de nível mais baixo que o seu, que te trocou por um amigo menos ricos e menos capacitado que você. Ela confessou, no meio de uma bebedeira, para quem quisesse ouvir que gostava do outro. É isto?

- Sim, foi deste jeito. Respondeu, meio sem graça.

E depois você conheceu uma outra garota muito interessante  e compreensiva, linda, de bom nível intelectual e, ao que parece, muito carinhosa com você, certo?

-Exatamente.

E você não quis nem dar nem uma chance a esta nova pessoa. Nem conhecer. Nem mesmo uma chance a você de se permitir conhecer melhor outro alguém?

- É. Bem... quer dizer... sim. Foi precisamente isto que aconteceu. Respondeu o corno, totalmente atabalhoado.

Finalizando, você sai com o cara que ficou com a sua “grande paixão” e se afastou das meninas constrangendo os amigos a escolherem entre pessoas do mesmo grupo. Você fez com que até a menina legal fosse afastada, certo?

Certo. Foi assim mesmo.

Como é seu nome mesmo? Nem deu tempo de perguntar...

Então, Sr. Amarelo, deite de bruços ali naquele divã e relaxe. Respire fundo três vezes e solte. Isso, isso...
Com o rapaz ali de costas eu tirei minha sandália e dei-lhe umas bordoadas. No bumbum.

“Ei, ei doutora que é isso? Que método é esse que eu nunca ouvi falar?” Perguntou o corno assustado.

É o método “tapa no bumbum” que sua mão deveria ter te dado quando você era pequeno. Por que assim talvez, você tivesse deixado de ser um menino birrento apegado aos brinquedinhos. Talvez hoje você não fosse um corno, chorão e bundão.

“Mas o que significa isto? Que tipo de psicóloga é você?”

“Eu não sou psicóloga. A Drª Joaquina é minha amiga. E só começa atender às 10 horas. Estou aqui porque a faxineira dela vinha pegar o pagamento e ela não poderia chegar antes...”

“Mas, eu cheguei às 10 horas! É o meu horário, e...”

“Não, não. Você chegou às nove horas. São dez para as dez. Você não deve ter acertado o seu relógio.Coisas de horário de verão, né!”

E quem é você?

Já disse amiga dela. Na verdade sou publicitária. Você chegou tão desesperado que nem me deixou falar. E aí resolvi escutar seu drama.  Que babaca você, hein? Larga de ser corno, chorão e se arrastar por quem não te quer. Deveria ter se dado uma chance ou pelo menos conhecido melhor a nova garota. Tá sofrendo porque quer. E todo castigo para corno é pouco. E...Oi Joaquina. Que bom que você chegou!

Bom, como você pode ver seu paciente já chegou! Ele se adiantou... Bem já vou indo pra deixar vocês à vontade...  Ah, a faxineira não passou. Depois conversamos. Tchau Joaquina, a gente se fala depois. Amarelo foi um prazer, boa sorte!

E o mauricinho corno lá... com cara de bobo.

(Baseado em fatos reais)

sábado, 16 de julho de 2011

Teoria de buteco, bons de camas & outros



- Então deixa eu ver se entendi: ele não tem 1,80m, não é loiro, nem tem olhos azuis, é jornalista , é separado tem filhos e o pior – como você diz – é brasileiro. E mesmo assim você adorou estar com ele? O que é que esse cara tem?
- BBP.
- BBP? O quê é BBP ? É algum tipo de droga?
- BBP é: barba, beijo e pegada. É adrenalina pura.... Adoro homens com barba. É um fetiche. E se tem beijo bom e pegada boa, aí abala meu coração... e  meu corpo. E mente também. Toma conta do meu ser . Faz cada célula tremer, entende?
- Hum. Faço uma idéia. Enfim, achamos a exceção.
- Sim, confesso.  Meu sistema de escolhas racionais comporta exceções. Tenho tara num homem de barba ... E aquele beijo? Menina que que é aquilo! Homem tem que saber beijar. Sabe homem que curte beijar, acha bom? Eu viro a  menina do Chico Buarque, naquela do “Você vai me seguir”. Bem boazinha. Totalmente sob controle.
-  Opa! A coisa extrapolou. Estranho porque é reencontro com o passado. Outra regra quebrada, tsc, tsc, tsc.  Mas entendo. Já tive o prazer de estar com sujeitos assim. Que gosta muito de mulher. Começam a beijar pelo dedo do pé e vão subindo. Ui, me deu até calor.  Mas, hoje em dia este tipo de homem é coisa rara. Tipo mico leão dourado, sabe? É espécie em extinção. Alguns já viram. Contudo, a maioria só conhece  por foto. Outros estão no estilo caviar, do Zeca pagodinho.
- Não entendi.

- É assim: nunca vi, nem comi. Só ouço falar.
-Ah! Tá bom. Gostei da analogia. Assim, muitos podem entender. E no mais tem a pegada. Ai, a pegada... Também artigo de luxo na atualidade. Uma iguaria a ser degustada lentamente.
- Sem dúvida. A ser degustada com velas e flores, como foi no seu caso. Sabe, os caras hoje não tem coordenação motora. Ou beija ou fode. Detesto. Eu sou do seu time: tudo ao mesmo tempo agora!
- Claro! Tem coisa melhor do que um cara que transa beijando? Não existe. Tenho até uma teoria sobre o caso.
-Manda. Adoro suas teorias de boteco.
- A “Teoria dos Meninos de Apartamento”. É assim: tem um grupo de rapazes, na faixa dos 30 aos 39 anos, que não viveu. Só brincou no vídeo game e de carrinho de controle remoto no carpete. Carrinho de rolimã e subir em árvore, nem pensar! Daí eles cresceram e começaram a subornar o porteiro do prédio para comprar revista playboy para eles. Depoi, cresceram mais um pouquinho e enquanto a avó (que cuidava deles enquanto os pais trabalhavam) ia tirar um cochilo eles viam um filminho pornô. Só por meia horinha, claro. E eles acham que sexo é aquilo. Um roteirinho estúpido que comporta  um beijo,  dois tapas na cara, uma metida rápida (quase uma ejaculação precoce) e uma mulher com cara de “Ai, que tesão! Tô adorando”. Nada mais sem graça. Foram, logicamente, enganados.  E começaram a reproduzir esta banalidade nas suas relações. Então, quando a coisa começou a ser “pra valer” eles não sabiam sentir e ficaram assim, perdidões. Sem saber o que fazer com mulher de verdade.   Não sabem dar prazer e o que era para ser bom virou um tédio.  Corre daqui para ali em busca de algo mais e só se encontra vazio e frustração. Superficialidade com insegurança. Esta é tônica dos meninos de apartamento. De vez em quando sinto uma certa peninha deles. Mas, passa logo.
- Concordo inteiramente.  Não vão além do “esquema”. Não surpreendem e não aprendem nada novo. E pior: acham que mulher é tudo igual. Não sabem que cada uma tem um toque, gosta de uma coisa diferente, tem pontos de excitação diversos...
-Sim, é triste.  Mas, um dia eles aprendem!
- Quando? Os caras que a gente sai tem mais 30 anos. Aí já era. E com quem? Eu não tenho paciência para ensinar.
-Bom, eu namoro com “anjinhos” abaixo dos 30. Tenho uma índole professoral . Gosto de ensinar. Mas, você tem razão.  Caras de 30, 35 que não aprenderam nada nestes anos e continuam neste esquema “Vou fazer aquilo que aprendi no manual revista-filme pornô” não há quem aguente.
- E este BBP, tem quantos anos?
- Acho que 45.
- Olha só! Minha amiga pagado língua! Toda alegre em ter reiniciado romance com velho, desquitado, com filhos... só rindo.
- Mas, ele é divertido e inteligente. Terceiro lugar no meu Top Five.  Exceções, exceções. De vez em quando gosto de burlar as regras. Mas, só de vez em quando!
-As regras são suas. Burle quando quiser. E que fim levou aquela tal paixão platônica?
- Tesão platônico, para ser mais precisa. Era mais uma admiração. Bem, depois de uma  phoda homérica... Não há tesão  platônico que resista. É chulo dizer isto, eu sei. Mas, estamos só nós aqui com esta garrafa de uísque e não acho uma forma  elegante de dizer isto. Phoda homérica. Baco ficaria tímido!
- O professor então dançou?
- Dançou, extraviou, escafedeu, sumiu e desapareceu da minha mente. Serve só para assuntos intelectuais. Uma pena para ele. Eu estava cheia de idéias e quentes intenções. E não costumo dar segunda chance....  Tanto que eu nem lembrava mais dele. Se você não toca no assunto ia passar batido.
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Quanta mudança. É como diz o pessoal do futebol: quem não faz gol, leva!
- Digamos que é um chifre virtual. Fica mais excitante. Ai, este meu cisne negro quando sai é uma loucura. Por isso, tento mantê-lo amordaçado.
- Faz uma crônica sobre seus dois cisnes.
- Faço. Por enquanto, só quero lembrar  da parte boa da vida e  como é delicioso ter prazer.  O resto deixa para depois. Opa. Telefone tocando. É ele! Que frio na barriga. É tem gente  goooooosta  da coisa!




domingo, 3 de julho de 2011

Se apaixonar...




Se apaixonar... Não beba. Se você se apaixonar, por obséquio, não beba. Esta é uma mensagem que o Ministério da Saúde deveria veicular! Vamos implorar por esta campanha. Falo sério.
“Um celular na mão de um bêbado às três da manhã é uma arma. Há dois anos que você não fala com a figura... De repente cria ‘coragem’ e liga.”

Concordo com o Eduardo. Celular em mão de bêbado é letal.
“E o pior a ligação de volta no outro dia. ‘E aí? Comé que cê tá? Tá melhor? É chegar ao solado da existência”. Esse meu amigo entende das coisas!

É verdade. Pessoas apaixonadas, chifradas, com dor de cotovelo e afins, deveriam ser sumariamente afastadas de uísques, conhaques, caipiroskas e, principalmente, cervejinhas.  O garçom deveria andar com um aparelhinho medidor de ‘apaixonite’. 

- Sinto muito senhor. O apaixonomêtro atingiu o nível laranja. O senhor atingiu sua cota. Não posso servir mais que duas doses para você.

- Mas eu não vou dirigir. Estou de carona com os amigos. E além disso, eu nem gosto mais dela, aquela...

Aí o garçom diria sinto muito e prontamente bateria em retirada para a mesa ao lado. Os garçons seriam os anjos da guarda dos enamorados mal resolvidos! Será que eles passariam a cobrar a mais pelo serviço? Acho justo.

Daniela minha amiga caiu nesta mistura explosiva. Fim de noite: pega táxi e vai bater na porta do sujeito. Brigam ali mesmo. Ela volta pra casa a pé. O salto quebra. Até aí tudo bem. O problema é que no grau etílico que ela estava esqueceu de tirar o salto. Foi de um bairro para outro mancado.... E depois não quer que a gente ria!

E a falta de noção não acontece apenas nas noites urbanas, não! O Leandro contou saiu de Porto Alegre e foi para uma festa em Viamão. A certa altura teve que ir para a barraca. Não conseguia mais ficar em pé. “Ainda bem que eu tinha conquistado a garota mais linda da festa para dividir a barraca comigo! Eu pensando ‘ Ah, se a Luciana estivesse aqui para ver isso. Iria morrer de ciúmes ao me ver com alguém mais legal e mais bonita que ela...”. Na madrugada: ele acorda molhado com um cachorro lambendo-o todinho. O que aconteceu depois do coma alcoólico: Ele tinha armado a barraca num terreno inclinado. Choveu e a barraca virou. Ele e a garota foram parar numa poça d´água. Um cachorro entrou na barraca e ficou abraçado a ele. “E a menina era horrível. Só depois é que eu fui notar”!

Viram a importância da campanha? A apaixonite (seja em sua forma crônica ou aguda) não escolhe gênero, raça, idade ou posição social. É muito democrática.

E como sabemos (mesmo não querendo admitir) a mistura de álcool e apaixonite mal curada pode causar acidentes terríveis com consequências desastrosas como palavras deslocadas, discernimento quebrado, morte da dignidade dentre outros tantos traumas. Além é claro, da ressaca dupla. A física e a moral. E a segunda não há sal de frutas com analgésico que dê jeito...

O mais estranho é que a humanidade já evolui tanto e para certos males os cientistas não descobriram a cura. Atrasos indesculpáveis da pós-modernidade...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Sublime...





De repente o passado bateu à porta.  E entrou. Aquele homem do passado, ali cheiroso como sempre, com a barba linda... Tão cheio de histórias para contar, com tanta vontade de ouvir... E a gente há anos sem ver. Anos...De repente, Dia dos Namorados. Reencontramos. Parecia que a gente tinha se despedido ontem mesmo e dito “até daqui a pouco”.  E viramos a noite numa cumplicidade oceânica que nem sei explicar agora. Só sentir por muito, muito tempo.


E foi maravilhoso. O sexo foi um êxtase. Mas, isto era simplesmente esperado: a explosão, o êxtase, a  transcendência...  Mas,  este blog não é – e  nunca foi    sobre sexo. Fala-se disso por conta da audiência.  Aqui falamos de relacionamentos e pensamentos.  E pela primeira vez fico sem palavras para descrever aquelas horas, aquelas risadas, aquele dormir abraçadinho...  É como se uma lufada tivesse adentrado minha casa e dito “Ei, o que você está  fazendo? Você  é mais! O mundo é mais. Não olhe mais para esta gente cinza. Te conheci brilhando. Brilhe!” E não olhei mais para os cinzas, com suas mesmices e  certezas de chatices e padrões.   

E pela primeira vez neste blog, fico sem palavras. E chorando de emoção transcrevo o poema de um dos meus poetas favoritos para tentar expressar meus sentimentos naquelas horas e que me fazem rir à toa, a alguns centímetros do chão. 


MACHO E FÊMEA
                        Gilberto Amado

De repente te vejo assim:
sem roupa,
sem maquiagem,
sem perfumes importados,
ou palavras ensaiadas a dizer
sobre o hoje programado
e o ontem que não deu certo.

De repente te vejo assim:
nua;
Nua de sistema,
nua de vestimenta,
nua de estratagemas,
nua de valer a pena de te ver assim...
nua.

De repente te vejo mulher,
a mesma mulher que
a minha ideologia criou
e que por trás deste sorriso
e  que hoje por ironia,
vejo-te assim:
mulher,
Mulher nua.

Passam-se os momentos
E minha vontade é de parar
o tempo
e  por um breve momento
sinto que posso fazê-lo
e o faço;
e aproveito e me dispo também
e me vejo assim:
nu.
Nu de preconceito.
Nu sem vergonha do meu corpo.
nu de falsos risos,
nu de egoísmo,
nu assim, como você.
“Nu”
um diante do outro,
parados,
bobos, atônitos ,
como se o mundo se resumisse
em gente como a gente ...

NUS A SE DESCOBRIR!!!!