terça-feira, 14 de junho de 2011

Sublime...





De repente o passado bateu à porta.  E entrou. Aquele homem do passado, ali cheiroso como sempre, com a barba linda... Tão cheio de histórias para contar, com tanta vontade de ouvir... E a gente há anos sem ver. Anos...De repente, Dia dos Namorados. Reencontramos. Parecia que a gente tinha se despedido ontem mesmo e dito “até daqui a pouco”.  E viramos a noite numa cumplicidade oceânica que nem sei explicar agora. Só sentir por muito, muito tempo.


E foi maravilhoso. O sexo foi um êxtase. Mas, isto era simplesmente esperado: a explosão, o êxtase, a  transcendência...  Mas,  este blog não é – e  nunca foi    sobre sexo. Fala-se disso por conta da audiência.  Aqui falamos de relacionamentos e pensamentos.  E pela primeira vez fico sem palavras para descrever aquelas horas, aquelas risadas, aquele dormir abraçadinho...  É como se uma lufada tivesse adentrado minha casa e dito “Ei, o que você está  fazendo? Você  é mais! O mundo é mais. Não olhe mais para esta gente cinza. Te conheci brilhando. Brilhe!” E não olhei mais para os cinzas, com suas mesmices e  certezas de chatices e padrões.   

E pela primeira vez neste blog, fico sem palavras. E chorando de emoção transcrevo o poema de um dos meus poetas favoritos para tentar expressar meus sentimentos naquelas horas e que me fazem rir à toa, a alguns centímetros do chão. 


MACHO E FÊMEA
                        Gilberto Amado

De repente te vejo assim:
sem roupa,
sem maquiagem,
sem perfumes importados,
ou palavras ensaiadas a dizer
sobre o hoje programado
e o ontem que não deu certo.

De repente te vejo assim:
nua;
Nua de sistema,
nua de vestimenta,
nua de estratagemas,
nua de valer a pena de te ver assim...
nua.

De repente te vejo mulher,
a mesma mulher que
a minha ideologia criou
e que por trás deste sorriso
e  que hoje por ironia,
vejo-te assim:
mulher,
Mulher nua.

Passam-se os momentos
E minha vontade é de parar
o tempo
e  por um breve momento
sinto que posso fazê-lo
e o faço;
e aproveito e me dispo também
e me vejo assim:
nu.
Nu de preconceito.
Nu sem vergonha do meu corpo.
nu de falsos risos,
nu de egoísmo,
nu assim, como você.
“Nu”
um diante do outro,
parados,
bobos, atônitos ,
como se o mundo se resumisse
em gente como a gente ...

NUS A SE DESCOBRIR!!!!



sábado, 11 de junho de 2011

Homem quer é comer







- Olha Bia, eu vou te falar uma verdade: o homem quando conhece uma a mulher o que ele quer é comer.

- Acho isso ótimo, Paulo! A mulher também quer sexo.  Quer romantismo, cumplicidade, amor e tals, mas também tem desejos e quer transar.  Eu adoraria que as pessoas transassem mais. Só que aqui no Brasil não dá para ser assim. 

- Qual o problema do Brasil? E, então se é assim, porque você mesma não dá o exemplo e transa com todos  os caras que querem ficar com você.

- O Brasil é feito de uma sociedade hipócrita.  E não transo tanto quanto gostaria porque não vale a pena. Homem brasileiro é muito machista. Se você dá de primeira é biscate. E aí o cara se acha no direito de te tratar com falta de respeito. É uma cabecinha muito fechada. E quer saber? Esses caras não sabem o que estão perdendo não tendo a minha companhia! Rsrsrs.

- Muito engraçadinha. Você está generalizando.

- Sim, estou. Estou falando do comportamento geral, da maioria. Não estou falando das raríssimas e honrosas exceções. Mas, caras que lidam bem com a sua sexualidade ou com a mulher que tem prazer são artigos de luxo no Brasil. Aliás, eu não entendo isso. Por que o cara não pensa: “Que legal, ela poderia sair com qualquer um, mas me escolheu!” Não. Tem que pensar que a mulher é desonesta, vai traí-lo, não ‘serve para um relacionamento’... Ai, quanta babaquice! Eu prefiro não me misturar com esta gente retrógrada.

-É. Eu não tinha visto por este ângulo. Mas, você anda muito é metida.

- Não,  é isto não. É que para mim o importante é o pensamento. E eu não gosto da cabeça do brasileiro.  E te digo mais: este comportamento masculino de desqualificar mulheres que sentem e querem prazer além de ridículo gera desvantagens para eles mesmos.  

- Por quê????

-Porque a mulher é obrigada a entrar no jogo da hipocrisia e se ‘fazer de difícil’ para se valorizar (olha que coisa mais antiga e cretina!)... Aí o que eu mais escuto de mulheres casadas é que elas sempre tinham um ficante enquanto enrolavam o candidato a namorado, noivo, nomorido ou afins...

-Então, elas são mentirosas.

-Não. Elas são vítimas de jogo muito cruel que é imposto pela sociedade. Só que todo mundo tem desejos. Se o cara acha que mulher que transa no primeiro dia ou na primeira  semana, sei lá eu qual o tempo ‘da mulher honesta’ , não presta, então ela fica enrolando. Na verdade, perdendo tempo porque podia estar com o cara que ela gosta. Ele também poderia estar divertindo ao invés de levar chifre...

- Estou chocado. Para você o brasileiro em geral é corno. E a mulher uma mentirosa. 

-Sim, para a primeira afirmação. Mas, só porque eles querem. Aliás, imploram por isto com estas bobeiras que herdaram dos tataravôs. Quanto a mulher, isto é apenas uma estratégia de sobrevivência na sociedade hipócrita. A maior parte das mulheres que eu converso gostaria que fosse diferente, queria ser mais verdadeira e aceita como ela é e não ter uma imposição destas na sociedade. E o homem brasileiro tem outra desvantagem.

-Outra? Qual?

- Ele é ruim de cama.

-Mentira! Vocês pensam isto da gente???? Você está me tirando.

- É sério! Todas as minhas amigas que transaram com estrangeiro, preferem os gringos. Principalmente os europeus.

-Isto é um absurdo.

-Não, não. É a mais pura verdade. E gostamos deles porque eles acham sexo normal, gostam de mulheres boas de cama e não ficam julgando. Estão interessados em se divertir. E mais: em geral eles são mais gentis e carinhosos.

- Isto é desculpa sua para ficar com italianos e desprezar o produto interno bruto.

- Não. Outro dia eu descobri um cara que pesquisou a sociedade brasileira e mostra com dados tudo que eu penso. Fiquei emocionada! Lá o cara fala sobre jeitinho, ética, cor, raça e até sexualidade... E ele também chegou à conclusão que brasileiro é ruim de cama. Depois te empresto o livro*

- Obrigado! Acho que vou me sentir muito melhor do que agora lendo este livro. A gente sai com a amiga para ela deixar a gente com auto estima no solado da existência... 

- Só estou te alertando para não cair nesta armadilha. Não faça igual estes idiotas que casam com as ‘certinhas’ depois ficam naquela coisa sem sal, sem animação, em seguida ficam entediados e querem separar.... E também ficam dando em cima de toda mulher solteira por aí. Uma palhaçada total. Após anos de mesmice eles passam a querer alguém que lhes dê algo mais. Tarde demais. É muita loucura, não?  Tô fora de brasileiro. Nunca mais na vida namoro um brasileiro. Cruzes...

-Ah! Agora você se contradisse . Esqueceu do negão baiano – que eu saiba baiano é brasileiro. Aliás, brasileiríssimo – que você está saindo há mais de um mês? E pior saindo só com ele? Hein, hein?

- Contradição onde? Não estou namorando. Estou saindo. Ou melhor estou numa relação pos moderna  denominada ‘ ficância’. Eu fico. Ele é divertido, onze anos mais novo, me admira, é cheio de potencial. E para alguém de 26 anos realmente ele está muito bem encaminhado! Há exceções, já disse.  Só que definitivamente não é namoro. 

- Sei, sei... Mas pode virar um relacionamento mais fixo.

- Querido a única coisa fixa que tenho é uma idéia: brasileiros não! E tenho um monte de amigas que são da mesma opinião e vivem sonhando com um estrangeiro. Eu tô pensando até em mudar pra a Argentina...

- Pode parar. Aí, não. Argentino já é humilhação demais. Se a gente perder mos para os argentinos vamos empatar com quem?

* Livro: A Cabeça do Brasileiro
Autor: Alberto Carlos Almeida
Editora: Record

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Comi meu Amigo!




Sexta e sábado são dias tensos. Em geral, acontece um telefone de alguém “precisando contar uma coisa...”. Mas, o último eu fiquei apreensiva Luana me liga e diz: “Tô indo para aí. Liga pra Júlia. Aconteceu algo que preciso muuuuuuuuuuuuuuito dividir com vocês...” O que você pensaria? A primeira coisa que me passou pela cabeça foi PHUDEU! Note bem: não era uma coisa que precisava ser dita, falada ou contada. Era um FARDO, pois havia a necessidade de DIVIDIR. Phudeu.


Eu e Julia a postos. Chega a Luana com cara de atormentada. Senta, enfia a cabeça entre as mãos e diz: Comi o Mateus! Transei com meu melhor amigo. E agora? E agora? Que eu faço?

Entre “o relaxa e Goza” e o “deixa de frescura” não consegui dizer nada só pulei para pegar caneta e caderninho, pois esta é boa pra crônica. A Júlia ainda reagiu e soltou um “Tô de cara!”

- E aí, Lu? Como é que foi isso?

- Não sei.

- Como não sabe?

A Julia foi direto ao ponto: E qual o tamanho do pau dele? (nem eu seria tão direta assim. Assustei)

- Não sei respondeu a Lu.

Eu e a Julia nos entreolhamos. A coisa tava preocupante. Tentei refazer o passo a passo.

- Lu, conta pra gente. Vocês foram pra onde? Você bebeu, fumou ou similar?

- Bom eu fui pegá-lo em casa. Chega o safado e me dá duas doses de absinto ( 75% de álcool).

- Cara, isso tem mais álcool que aquele de limpar banheiros e vidraças...

- Pois é... E aí enlouqueci. Fomos para um bar dançamos, rimos conversamos... E aí já viu, né! Comi meu amigo.

- Calma. calma. Detalhes. Detalhes sórdidos. E onde foi isso?

- Na varanda.

- Quêêêêêêêêê?????????????? Quando a gente pensa que seu estoque de surpresas acabou você capricha mais, hein! Vai lá que eu tô gostando. Na verdade tô me achando muito careta...

- É gente. Tô dizendo. Perdi a noção. Chegamos no apartamento dele e a lua tava tão linda.... Eu achei que nem estava na terra e fomos para a varanda. Louco, não?

- Nada. Normal. Normalíssimo. São coisas do dia-a-dia. Continua. Alguém viu?

- E tinha gente no mundo? Sei lá. Eu tava fora de mim. Como é que eu vou saber se alguém viu. Naquele momento eu nem sabia meu nome. Pode ser que tenham escutado... Em geral a gente esquece o tom, não é mesmo? Mas, gente a questão não é essa. Quero saber como vou olhar para ele?

- Ai que saco! Vamos parar de palhaçada. Queria o quê? Transar com inimigo? Nunca vi isso. Vamos aos fatos. Foi bom?

- Ai gente, não vou contar estas intimidades...

- Sei. Você dá na varanda do prédio do Mateus, que é o maior fofoqueiro da cidade, e não quer que ninguém saiba da sua intimidade? Me poupe. Até em Júpiter o pessoal já tá sabendo disso.

- Ô, Luana (interveio calmamente a querida e sensata Júlia) você lembra, há alguns meses, quando todo mundo – até os rapazes – falaram que vocês tinham um lance, que ele gostava de você e que todo mundo fazia piadinha que um dia vocês iriam se encontrar?

- Ai, Júlia não vem com a frase “ eu não te disse” porque eu odeio isso.

- Não. Vou falar não. Vou falar outra coisa: ISSO É CRÔNICA DE UMA FODA ANUNCIADA – com todo o respeito ao Gabriel Garcia Marques, mas só dá para parafraseá-lo nesta vulgaridade dadas as condições... E na boa? Tava na cara. Quer saber o que eu acho? Melhor amigo é aquele que mais quer. Então, deixa de frescura e conta logo que eu tô curiosa e a Leona tá precisando de uma crônica picante para colocar no blog. Quanto a como olhar pra ele é muito simples: faz cara de paisagem. Não é você diz? Que sexo é como respirar? Algo necessário e muito natural? Então aja naturalmente e anda logo. Solta tudo.

- É... Bom... não foi nada assim marcante. Ele não tem lá um grande repertório, mas aquela loucura de pegar o melhor amigo e aquela situação da varanda... Ai, pirei! E aquela sensação “será que tão vendo serão que não estão... Ui”! Só de lembrar (e olha que só tenho flashes em mente) fico ofegante, pegando fogo. A gente tava ali naquele movimento uniformemente variado frenético, batia um ventinho que vinho do lago que parecia uma carícia, e de repente o Mateus me virou, fiquei de costas para ele, em pé com as mãos na parede e...