segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Antes do fim do mundo





- Oi.
-Oi.
Me dá um cigarro.
- Claro. Toma aqui.
- Obrigada.
- De nada.
Agora esta! Este babaca aqui. Deixa ele passar aqui perto novamente. Ele vai ver só. Otário.
- Oi!
- Oi! Ué você continua aqui? (Será que uma mulher tão culta não tinha nada melhor para perguntar?)
- Continuo. Vim dar uma passadinha e conversa vai, conversa vem com os amigos fui ficando.
- Hum. Sei. Que você vai fazer amanhã?
- Não sei.
- Vamos fazer as pazes?
- Vamos. Mas tem que ser hoje. Vou dar o perdido nos amigos. Vou para festa nenhuma. Vou ficar com você, linda.

Depois de tanto tempo e tantos ‘nunca mais’, nós dois de novo, sem resistir ao olhar um do outro.  Aqueles beijos loucos, aquelas risadas, os sussurros, os toques...Parece que se passaram apenas alguns dias e não tantos meses.

Poucas explicações. Muitos beijos. Mais beijos.
- Você voltou muito fácil, eu brinco.
- E você é louca. Perdeu tempo, ele devolve.
- Recuperei nossas fotos. Estão no celular.

E ele relembra nosso primeiro encontro. Como? Ele não era um imbecil egoísta e, e... o que mais mesmo? Como a gente pode lembrar mais um defeito se o cara te beija assim? Ah, era otário, um otário. Mas, esse otário me protege com um abraço. Mas, ele também era um... um  o quê mesmo que agora eu esqueci? Ai, com o cara sorrindo, me olhando assim e dizendo que estava com saudades como é que eu vou lembrar? Ah, sim agora me lembro: eu o odiava. Odiava mesmo. De verdade. Mas, agora é tempo de paz. Não tem espaço para ódios e mágoas. Isso, isso, não pára.  

Mas, é que o mundo vai acabar mesmo e a gente se olhou nos olhos e os dois se desarmaram e aí, e aí...ai não sei de mais nada. Não era para não se falar nunca mais? Quem foi que descumpriu o trato? Quem  foi o primeiro idiota que descumpriu o maldito trato? Ou seria o primeiro esperto? Ai, não pára, não pára. Não sei como fiquei tanto tempo longe de você. Você também não?

Pensei em perguntar " porque não ligou então, seu babaca?". Mas, não deu tempo. Perdi a fala com aquelas mãos percorrendo minhas costas, aquela boca percorrendo com ânsia todo meu corpo, como se numa estranha língua quisesse me dizer que estávamos na iminência de uma fusão de corpos e sentimentos. Assim, não dá. Assim, eu não consigo raciocinar.

Desisto do raciocínio.

E de novo eu estou refletida nos seus olhos verdes. E de novo você me abraça, me beija e eu perco a noção do tempo. Você diz que sentiu saudades. Eu estremeço. Eu te devoro. Tu me devoras. Nós nos devoramos. O mundo em perigo, gente em guerra, violências de todos os tipos e nós invadidos de paz. Uma paz que chega atropelando tudo e de repente se afirma soberana e se parece com um lago profundo, tranquilo.


De novo, eu andando nua na sua casa. De novo você me olha e sorri. De novo suas mãos estão percorrendo minha pele. E morremos de rir de nós mesmos. E esquecemos os motivos e os porquês. Simplesmente refazemos os planos e deixamos rolar. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário