quarta-feira, 16 de março de 2011

Namoro X Futebol




- Olha, se você quiser olhar outras mulheres faça isto no “dia do amigo”. Na minha frente não. Quando eu não estiver perto você, pega, come. Enfim faz o que quiser. Mas, na minha frente acho falta de respeito. Se eu fizer o mesmo você não vai gostar.

- Tá.

Quando ele concordou rápido pensei “Ai meu Deus! Liberei demais”. Quase pedi “Dá para rever os termos do contrato?” Mas, só deu para emendar um “mas não deixe eu saber de nada”...

Enfim, o “dia do amigo” não era um dia dedicado a alguém. Era a terça-feira, dia da copa da Uefa, quando todos os times da Europa jogavam entre si. E eu descobri depois de duas ligações neste dia quando escutei a desculpa “Hoje não posso. Vou pra a casa de um amigo”. Na terceira eu perguntei se esse “amigo era loira ou morena ou se ele achava que eu era idiota...” depois ele explicou a tal copa.

E desde então eu passei a saber que toda terça não podia contar com o namorado. Era o dia dele sair com os amigos, ver o tal futebol e fazer sabe-se lá mais o quê... (aliás, se jogasse Juventus, Milan ou Inter de Milão contra Real Madrid ou Barcelona eu já sabia que não aidantava esperar nem resposta de torpedo).

“Mas para quem achou que não iria passar do segundo encontro e escutou dele que não devera criar expectativas porque ele não queria compromisso e já no terceiro mês tá pedindo satisfações, colocando regras e o cara tá aceitando... tá ótimo, né!” filosofou o meu amigo gay. Tive que concordar.

Por isso, no dia que saímos e ele olhou para outra, dei a recomendação: o dia do amigo. A princípio eu odiava este dia. E também tinha outro inimigo: o Bolonha. Este era a tristeza do domingo. O dia do campeonato italiano. Como se não bastasse a Europa todinha com seus Lions, Chelseas, Ajaxes, Liverpools, sei que lá de Munique ainda tinha a concorrência do time de coração que estava na segunda divisão (e ele jurava que ia para a primeira). Às vezes eu perguntava “E aí, conseguiu subir?” Ele tristonho respondia “Não. Vai ficar para a próxima partida”. “Que pena!” Eu respondia. Por dentro eu pensava “Ô bem-feito”. Mas, o Bolonha ainda dava para driblar, à noitinha, e pegar um cinema ou tomar um chocolate quente. Agora a Uefa...

Daí que eu sempre escolhia este dia para trabalhar (fazia bico de garçonete no restaurante) ou então sair com amigos e amigas ou fazer manutenção (depilação, sobrancelha, hidratação de cabelo e afins). E nisto eu passei a achar ótimo o dia do amigo. Passou a ser o emblema da individualidade de cada um. Mas, namoro não tem regra. E a gente até se viu numas terças. A primeira vez foi idéia dele. O tal amigo (sim, todo mundo ia para casa do Giancarlo) era o único sem namorada. Combinamos um jantarzinho para eu apresentar uma amiga para o Carlo. Como sempre acontece com estas armações, não deu certo. E eu achei esquisito jantar com futebol. Foi meio sem graça. Teve outra vez que ele foi lá para casa. Fui preparar o jantar. Pedi para ele amassar umas batatas para o purê. Ele fez esta tarefa com os olhos na TV. Enquanto eu conversava com ele quase não tinha resposta. Era quase sempre o silêncio ou um rapidíssimo “espera aí”. As batatas ficaram empelotadas, porque ele não amassou direito. Ele estava presente só de corpo. De espírito e mente, ausente.

Enfim, melhor quando era terça proibida.

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