De repente o passado bateu à porta. E entrou. Aquele homem do passado, ali cheiroso como sempre, com a barba linda... Tão cheio de histórias para contar, com tanta vontade de ouvir... E a gente há anos sem ver. Anos...De repente, Dia dos Namorados. Reencontramos. Parecia que a gente tinha se despedido ontem mesmo e dito “até daqui a pouco”. E viramos a noite numa cumplicidade oceânica que nem sei explicar agora. Só sentir por muito, muito tempo.
E foi maravilhoso. O sexo foi um êxtase. Mas, isto era simplesmente esperado: a explosão, o êxtase, a transcendência... Mas, este blog não é – e nunca foi – sobre sexo. Fala-se disso por conta da audiência. Aqui falamos de relacionamentos e pensamentos. E pela primeira vez fico sem palavras para descrever aquelas horas, aquelas risadas, aquele dormir abraçadinho... É como se uma lufada tivesse adentrado minha casa e dito “Ei, o que você está fazendo? Você é mais! O mundo é mais. Não olhe mais para esta gente cinza. Te conheci brilhando. Brilhe!” E não olhei mais para os cinzas, com suas mesmices e certezas de chatices e padrões.
E pela primeira vez neste blog, fico sem palavras. E chorando de emoção transcrevo o poema de um dos meus poetas favoritos para tentar expressar meus sentimentos naquelas horas e que me fazem rir à toa, a alguns centímetros do chão.
MACHO E FÊMEA
Gilberto Amado
De repente te vejo assim:
sem roupa,
sem maquiagem,
sem perfumes importados,
ou palavras ensaiadas a dizer
sobre o hoje programado
e o ontem que não deu certo.
De repente te vejo assim:
nua;
Nua de sistema,
nua de vestimenta,
nua de estratagemas,
nua de valer a pena de te ver assim...
nua.
De repente te vejo mulher,
a mesma mulher que
a minha ideologia criou
e que por trás deste sorriso
e que hoje por ironia,
vejo-te assim:
mulher,
Mulher nua.
Passam-se os momentos
E minha vontade é de parar
o tempo
e por um breve momento
sinto que posso fazê-lo
e o faço;
e aproveito e me dispo também
e me vejo assim:
nu.
Nu de preconceito.
Nu sem vergonha do meu corpo.
nu de falsos risos,
nu de egoísmo,
nu assim, como você.
“Nu”
um diante do outro,
parados,
bobos, atônitos ,
como se o mundo se resumisse
em gente como a gente ...
NUS A SE DESCOBRIR!!!!
Muito bom poder ter uma experiência que nos leve a ficar alguns centímetros do chão.
ResponderExcluirDizer o que...
Felizarda!
:)
Abraços.