quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Traz o Vinho!




“Sabe, a menina era linda. Um doce. Mas quando eu senti nela o perfume da Renata eu pensei ‘ai se ela quisesse parar com tudo agora, eu não acharia ruim’. Você entende?”
“Meu caro Carlão, como entendo! Respondi”

É assim. Às vezes a gente até continua numa transa só para não ofender ou traumatizar o outro. Na maioria das vezes, só continua por não ter como sair mesmo...

Os motivos são vários. Lembrou do outro, pensou em si mesmo, viu que a pessoa que está na hora não é para você... Sei lá. Só sei que acontece. E não tem hora certa. Às vezes acontece antes de sair. Dá vontade de trocar de roupa, colocar aquele pijaminha e ler um bom livro. Em geral, a broxada interna é na hora “H” mesmo. E, de vez em quando, no meio do papo. É terrível.

Comigo já aconteceu duas vezes, antes de sair. Parecia cena de filme. Eu me dirigindo para o telefone enquanto o celular toca e o sujeito diz “Já tô chegando!”. Merda! E teve outra que foi questão de segundos. Eu já estava ligando e o interfone soou “O seu Rafael está aqui. Pode subir?”. A vontade era de suplicar ao porteiro “Nããããõ. Não pode, não. Inventa uma desculpa seu Zé e manda ele embora...” Tarde demais.

Às vezes penso que é a certeza da falta de intimidade. Não é porque as pessoas ficam nuas, se beijam, trocam fluidos, colocam as mãos e outras coisas em todas as partes do parceiro que elas são íntimas. Intimidade é ter aconchego, chamego, interação. Para mim, intimidade é uma revolução. Tem tudo que a gente necessita: liberdade, igualdade e fraternidade. Ser você mesmo não tem preço. Ser inteiramente você com alguém... É a melhor coisa! E vai ser doido na frente do outro e este outro ser macho o suficiente para ficar! Só com intimidade. É mais gostoso...

O outro motivo que dá vontade de gritar “Parem as máquinas!” É a certeza absoluta da falta de criatividade. Mais do mesmo, arroz com feijão, pão com ovo, estas coisas. Na verdade, acho que é mais isto. Falta uma certa ousadia, uma fantasia. Uma ilusão de um dia! Custa? Nem isto as pessoas sabem fazer atualmente.

De verdade? Tenho preguiça. Sou artista e gosto de coisas diferentes. E tem um monte de gente que conheço – Homens e Mulheres – que gostam mesmo é de uma boa fantasia, uma diferença. Sexo baunilha qualquer um (ou qualquer objeto) faz. Blargh!

O que custa a pessoa ‘encarnar’ uma cortesã do século XVIII, uma fada, uma borboleta, uma odalisca ou um Robin Hood? Quem sabe um Che Guevara ou um príncipe dos contos dos irmãos Grimms? Ou então, simplesmente, acreditar que sexo é brincadeira de adulto e fazer algo melhor, superior. Acho que é falta de vinho. Sou a favor do vinho. Umas velas aromáticas e uns tecidos transparentes também dão um “up” na coisa toda! Anotem o trechinho que separei aí. Vai que um dia serve... Pelo menos aguça a imaginação!

"Nada mais me interessa.
Ergue-te,
Traz-me vinho!
Amiga, esta noite
Tua boca amorável é a
Mais bela rosa do Universo.
Vinho! Vinho vermelho como
Tuas faces! E que os meus remorsos
Sejam leves, leves, tão leves
Como os cachos dos teus cabelos!"



Omar Khayyam

(tradução de Manuel Bandeira)

Do livro: Rubaiyat

3 comentários:

  1. Putz, a tal da intimidade faz mesmo toda a diferença. E como é difícil encontrá-la...

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  2. Que o vinho seja Carmenere e as velas aromáticas troca por chocolate. Pelo menos a serotonina tá garantida.

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  3. por favor, quem souber coo se encontra a tal intimidade me passe receita...

    e chocolate, hum! incluir sim! boa idéia!

    bj a todos,
    Leona

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