quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Virtualmente



- Meu carioca virtual chegou de viagem. E me mandou e-mail bem doce. Coisa de namoradinho!

- Puxa, Carol que legal. Este tal de sexo virtual é firmeza né!

- Não. No outro dia a gente estava trocando e-mail e de repente ele pediu desculpas, disse que não dava para continuar, que era traição e que a amizade continuava...
Silêncio. Mantenhamos o silêncio devido ao absurdo da coisa.

- E você Carol?

- Respondi o óbvio. Se um não quer, dois não teclam! E ele escrevia: “Sei que você vai entender, sei que você vai entender...” Na verdade não entendi nada. Confesso que fiquei atônita, depois com raiva, depois achei tudo ridículo. E passados cinco minutos achei tudo patético, depois fiquei muito puta e depois, pasmada. Ao final, morri de rir e achei tudo legal.

- Ãh???? Não acompanhei o pensamento. Pode retroceder, por favor? Acho que tem uma parte da estória que não peguei. Diria que tem “uma lacuna”.

- Assim: se ele não se sentia bem para quê continuar? Achei exagerado parar tudo abruptamente porquê nunca sequer foi aventada a hipótese de nos encontrarmos pessoalmente. E morando em estados diferentes a chance de nos ver era quase nula.

- And so???

- Então, achei bobeira parar porquê era uma brincadeira sem consequências. Por outro lado, achei muito bom pois ele ficava ‘ligadão’ e quem aproveitava era a esposa. Ah! Detesto fazer favor para outras mulheres! E depois ele foi tão legal! Disse que adorou a brincadeira, que foi a primeira vez que fez sexo on line. Era virgem neste campo! E além do mais, a gente tem tanta coisa legal para conversar que não precisa ser só sobre sexo.

- Sei, sei...Carol, te conheço. Tá muito tranquila. Perder, mesmo que virtualmente, não é a sua. Conta mais aí.

- Ah, e tem outra. Pode ser traição mesmo. Ou então ele achou que a coisa poderia esquentar e teríamos que nos ver.... viu as possibilidade são infinitas. Tem a rapidez do pensamento e a força da imaginação. Por isso, é melhor parar por aqui...

- E???

- E, na verdade, que esta história estava mexendo muito com minha imaginação. Queria falar tudo o que eu dizia a ele para um ser real. Queria realizar tudo! E aí aconteceu aquela coisa... Tive medo de ficar nesta onda. Até contei para o ‘namoradinho virtual’ aquele lance...

- O quê? Louca. Não acredito que você contou para seu virtual aquele lance da fantasia realizada como se fosse com ele.

- Sim, contei.

- E ele? E a tal ‘ressaca moral’ que você disse ter tido no dia seguinte que não conseguia nem se olhar no espelho? Nem apareceu no trabalho.

- Pois, é. Contei tudinho. E ele achou legal eu ter realizado minha fantasia. Deu maior apoio. Ele ainda disse que sentiu muito por não ter podido ser com ele mesmo. Ele não é fofinho? Um cara muito legal.

- Carol, esta sua ressaca moral se cura com sal de frutas é? E vocês são dois doidos. Pena que acabou. Adoraria ver dois ETs se encontrarem. Seria lindo. Nem o Quentin Tarantino faria uma cena destas.

- Ih! Você anda moralistazinha, hein? Que retrógrada...

- Ai, não suporto estes dilemas pos modernos. Que falta nos faz o Dr. Freud...

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