sábado, 8 de maio de 2010

Sem Capacidade para Sofrer

Dia desses os amigos vieram aqui em casa. Violão, conversa vai conversa vem surgem as reminescências. Porres, situações nonsenses, chatices, viagens, dramas, comédias e pessoas do passado.

Aí alguém pergunta para a Raquelzinha: “Quel, lembra daquele cara que você conheceu na livraria? Era tudo lindo, você entrava em transe ao falar dele e... acabou em duas semana. Risadas de altos decibéis.

Na verdade, ninguém entendeu bem o motivo do rompimento. Na época, a Quel chegou muito firme e anunciou “acabou o tesão”. É, sem isso fica difícil. Mesmo assim a história ficou mal contada. E também engavetada. Aí o Carlão, depois de anos e alguns copos de vinho, quis provar que as mulheres são malucas.

“Quel, você é doida” (Bela introdução, amigo!). Num dia era um acontecimento incrível. O modo como tinham se conhecido, se encaixado, ele era legal e bom de cama – segundo suas palavras. E em duas semanas você descurtiu?

A Raquel,sem o menor abalo, explicou o mistério. Simples, ela disse. (É querida? Que bom que alguém aqui pense assim). A “filósofa” contou que o sujeito montou um personagem e a conquistou. Depois de exatos três dias bacanas ele ligou o automático e foi ser ele mesmo. Aí todos na sala quiseram saber porque não continou. Porque não valia a pena tentar mais um pouco? “Gente ele só queria me comer! Depois da primeira noite o cara romântico desapareceu. Surgiu um bobo que só queria mulher interessante para transar. A magia que me encantou não existia mais. Propaganda enganosa ”. Acontece.

Segundo a Quel é melhor um grosso autêntico. Aquele que deixa entrever que só quer aquilo, do que um falso bem intencionado que te deixa sempre sem saber o que esperar.

E aí? Aí, que na última noite, enquanto ele dormia olhei para ele e para o teto e me perguntei o que estava fazendo ali. A Raquel poderia ter continuado o namoro e ir levando. Mas, segundo ela mesma, isso não iria levar a nada que não fosse chateação e largou essa: “Não quero que ninguém me inveje por uma capacidade infinita de saber sofrer”*. Mais vinho.

*A última frase da ”Raquel” é uma paráfrase de uma afirmação do personagem Alberto para a esposa no filme Querido Estranho. (Querido Estranho,Brasil, 2002.Direção Ricardo Pinto e Silva)

Um comentário:

  1. http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI139690-15230,00-A+INTELIGENCIA+FEMININA+PARTE.html

    Concorrrrrdo!!!

    ResponderExcluir