sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Moderno?


“O bom é você estar com alguém e poder sair com outros”.
“Ah! Mas, você é solteiro e nunca viveu isso. Queria saber se você fosse casado conseguiria levar este tipo de relação que eu e meu marido levamos...”
“Tenho certeza que sim. E vocês estão no caminho certo! Super modernos”
“Sim. É esta é a tendência dos relacionamentos do futuro. Nós somos a vanguarda!”
“Yeeeeeeeees! Vocês estão à frente do seu tempo. O futuro das relações entre homens e mulheres é este mesmo. Parabéns, vocês são muito modernos!”

Este foi um diálogo que recebi de um amigo já muito citado aqui, com uma amiga dele, a qual desconheço, via MSN. Tema: casamento aberto.

Normal. Cada um escolhe o tipo de relacionamento que melhor lhe convém com a anuência do parceiro ou parceira. É apenas uma questão de gosto. Um estilo de vida de cada um.

Agora...

Não me façam rir. Modernos? À frente do seu tempo? O futuro das relações? Kkkkkkkkkk.
Isto é a coisa mais velha que existe. Desde que o mundo é mundo existem estas relações. Ou alguém não se lembra dos anos 60, quando o “amor livre” e o casamento aberto, ou casamento com mais de dois adultos era tão praticado pelos hippies? (Por que será que o casamento aberto não foi tão disseminado nos anos seguintes, hein?).

Antes dos vovós hippies, reis e rainhas de todos os tempos tinham seus cônjuges e seus favoritos (o amante que morava no castelo e tudo mais) e a até a plebe ignara sabia. O rei Francês Henrique II, casado com a Catarina de Médicis, tinha sua Diana. Elizabeth I da Inglaterra – a rainha virgem (só se for no signo,né!) – tinha um duque que agora me escapa o nome. Muito normal. E quem não se lembra do enterro do ex-presidente francês, François Miterrand, no qual esposa e amante compareceram? E seguiram o protocolo! A amante ficou o tempo todo dois passos atrás da oficial. Chique estes franceses? Sei lá. É da cultura deles. Não tenho nada a ver com isso.

E só quem nunca leu “O Primo Basílio” (1880), do excepcional Eça de Queiroz, não conhece a personagem Leopoldina (amiga da protagonista, Luisinha) que era casada com um velho rico (Mendonça) e punha-lhe a galhada com total aprovação deste. E cito a literatura, pois como todos sabem, a arte é uma ótima fonte de informação por retratar o momento político, econômico e social de uma determinada época.

E as questões homossexuais? Meu Deus isto é mais velho que andar para frente! Os gregos, quando iam para a guerra, levavam sempre seu efebo. Este era um jovenzinho entre 12 e 16 anos, que tinham a honra de “aliviar” os instintos dos militares mais graduados. Naquela época guerra era um local impróprio para as mulheres. Observo que quem começou a levar mulher para guerra foram os romanos (Ô povo que gosta de mulher, afe! Ai, bateu saudade dos italianos...).

E voltemos à França. E só por curiosidade, remexamos na biografia do “príncipe dos poetas simbolistas”, Paul Verlaine (fins século XIX). Verlaine se apaixonou pela prima, mas não rolou. Depois casou com uma jovem de 16 anos. Entre uma *“fada verde” e outra, casamento normal e tals, eis que Verlaine se apaixona por ninguém menos que *o autor de “Uma temporada no Inferno”. Verlaine larga mulher, foge com Rimbaud para Bruxelas, onde o mata. Novelesca não, a vida dos “poetas malditos”(como ficaram conhecidos)? Virou até filme. E quem se interessar leia a biografia da pintora mexicana Frida Kahlo. Verlaine ficaria tímido. Aliás, não existe nada que um homem possa fazer que uma mulher não possa fazer melhor. Guardem isso como um mantra, viu rapazes!

Em suma, tudo igual. Não vejo modernidade, avanços ou novidades em nenhuma relação. Sinceramente, a única diferença é que podemos falar sobre isto mais abertamente. Então, não me digam que há algo de novo nestes milhares de relacionamentos que vemos por aí! Ah, quer pirar pira, mas não venha me dizer que está fazendo algo inusitado e chocando a sociedade e blá, blá, blá porque não cola. A única coisa que assusta é o vazio e a incapacidade de doar afeto. Isto sim é aterrador. Esta é a essência das relações pós modernas. O resto... Balela.

Na boa? O importante é ser feliz. Eu acho mais legal o relacionamento monogâmico. E conheço casais que fazem swing e são felizes. Até ficar sozinho pode ser muito melhor que tudo isso. Lembre-se: é melhor só do que mala acompanhada! Vai por mim que quase fui contrata como carregadora da TAM de tanta experiência que tenho no assunto....

Ô gente! Por favor, não tentem me chocar. Eu sou igual ao Raul Seixas. Eu nasci há dez mil anos atrás (acredito em reencarnação). E parafraseando o maluco beleza “e não tem nada neste mundo que eu já não tenha visto ou escutado demais”. Esqueceram que todo mundo me conta tudo? Eu sei de histórias que não tem como escrever neste blog. Seria impróprio para menores de 80 anos (É interessante como as pessoas precisam desabafar!).

Enfim, tudo é uma questão de escolha e de não julgar. Aliás, aproveito o ensejo para dizer que quem, como eu, quer relacionamentos monogâmicos não é careta. Só tem este tipo de preferência e basta. É como preferir o vermelho ao azul. Quem quer relacionamento aberto vai fundo. Ambos os relacionamentos tem suas vantagens e desvantagens.

Aliás, meu ex-psicólogo me contou sobre um outro caso de conhecidos dele com relacionamento flexível. Segundo ele, um casal rico, bonito, inteligente, etc mantinha o tal relacionamento aberto. Ou melhor, escancarado. Num belo dia de sol ela engravidou do outro. O marido-moderno não agüentou e deu um tiro na cabeça. Bobo. Quem entra em qualquer relacionamento tem que carregar o pacote todo.

*Fada verde, no popular: absinto.

* “Uma Temporada no inferno” (1873), Arthur Rimbaud

Filmografia básica desta crônica

1 - Eclipse (1995)
Com: Leonardo DiCaprio e David Thewllis (Rimbaud e Verlaine, respectivamente)
Direção: Aghiesta Holland

2 – Frida (2002)
Com: Salma Hayek e Alfred Molina
Direção: Julie Taymor

3 – Lua de Fel (1992)
Com: Hugh Grant e Emmanuelle Singer
Direção: Roman Polanski

6 comentários:

  1. Excelente crônica Analu. Parabéns!!!
    Divulgá-la-ei.
    Bjs e sucesso!

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  2. Grata! Que bom que vc gostou!

    sim divulgue-a! Gostaria de saber a opinicão de mais pessoas!

    bjo,

    leona

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  3. Concordo, o importante é ser feliz... como!? só a gente sabe, esse negócio de ficar rotulando nao dá muito certo!!
    Adorei!!

    bju!!!

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  4. Dio, uerida!

    Que bom ter seus comentários1

    grande beijo!

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  5. Aqui em SP conheço casais abertos. As mulheres normalmente são bi. Em Bsb eu vivia cercada pela TFM, então não via muito disso.
    No dia, e "se", eu tiver um relacionamento isso é algo a se pensar. Afinal de contas, nodo norte em gêmeos junto com lua e ascendente é literalmente pra oficializar o "eu sou de ninguém..." rsrsrs
    Mas enfim, ser moderno porque está na moda é o fim mesmo.
    E ser casto(a) então?!?!?!
    hehehehe

    bjão querida,
    saudades

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  6. kkkkkkkkkkkkkk

    Lili vc é o máximo. Este seu nodo em gêmeos realmente te fará pensar nos vários modods de experimentar.... Mas acho qeu vai ficar no pensar. A TFM é mais forte! E ela sempre pega a gente!

    bjk,

    Leona

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