Quem Fica Parado é Poste

A vida é magnifíca. Os encontros, desencontros e reencontros me fascinam. Saber que o Inesperado está logo ali, na curva, atrás daquele muro ou no próximo bar é excitante. Inesperado com maiúscula mesmo, porque ele é uma entidade...

Eu imagino o Inesperado assim: um rapaz forte, de corpo atlético, moreno e olhos azuis, muito enigmáticos. O Sr. Inesperado veste casaca e cartola pretos. Como um mágico do século XVIII. Da cartola ele tira um pó mágico dourado. De repente o inesperado pega um pouco do pó. Sorri, meio de lado, e sopra... instantaneamente muda a nossa vida.

De vez em quando, o Sr. Inesperado vem me beijar. Ano passado ele disse: “Vou me superar”. Eu ri da cara dele e respondi “Duvido. Tenho tudo planejado”. Daí, que eu estava pensando em ficar sozinha. Tentei a espiritualidade e estava muito bem. Sabe como é: frustações no relacionamento e a perda daquela coisinha básica chamada tesão. Ninguém me chamava a menor atenção...

Um belo dia decido: “Quer saber? Vou mudar a situação. Fazer tudo diferente.” Eu iria tentar relações mais voláteis. Nada de namoros ou casos longos. Mas, com quem? Bem, é público e notório que Brasília reúne a maior população de homens feios e desinteressantes por metro qudrado do País (aliás, este tema merece uma crônica à parte).

Eis que numa noite qualquer, sem a menor perspectiva vou eu a um bar com o pessoal do curso e sou apresentada a um amigo de um dos colegas. Meu Deeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeus!

“Prazer, Mauro Berdinazzi”
“Prazer, Leona Fernandes”

Fiquei transtornada. Adoro homem de narizão. Quando vi aquele 1,80m em 80kg, muito loiro e de olhos verdes (meu fraco), senti um frêmito. E foi só escutar o “azzi” no final do nome para completar o devaneio: descendente de italiano! Che meraviglia!

Sinceramente, despudoradamente e deliciosamente pensei “Ou eu dou para este cara ou mudo de nome”. O Sr. Inesperado (sempre à espreita) soprou... e riu.

Bom, o final da história foi assim: Ele pegou meu telefone, um dia me chamou para ir à piscina. Chamou também outras duas garotas. Beijou uma ( a mais feia das três) e eu fiquei com um amigo dele numa outra ocasião. Como eu jamais fico com dois caras da mesma turma e ver meu objeto de desejo com outra é o broxante mais poderoso, nada aconteceu. Hoje, somos amigos assexuados – quase irmãos – e nossa “brodagem” como ele diz é muito legal. Se a gente passar a noite na mesma cama é sono na certa. Além disso, já me empenhei em conseguir uma paixão para ele pagar todos os pecados. Ah! Atualmente me apresento como Betty, um apelido que ele inventou. Não disse que mudaria de nome?

Enfim, tudo muda. O inesperado age. A gente caminha. E quem fica parado é poste.*


*O título é sugestão do Mauro. Beijo fraterno, amigão!