O BOBO

Tem coisa pior do que homem galinha? “Tem!”, respondeu a Flávia. Aí eu já pensei em vários tipos que andam por aí como cafajestes, grossos, burros, canalhas e variações do mesmo tema. “Qual é este?”. Resposta: O bobo. Surpresa! Este eu não tinha sequer catalogado.

Se pensou no Nerd, no cara que não sabe passar uma cantada ou naquele todo atrapalhado que treme quando a mulher olha (adoro estes!), errou. Na visão da Flavinha o bobo não é este estereótipo. É algo mais sutil. Para ela todos os citados tem um certo charme. “E o Nerd pode desenvolver um software novo e virar milionário amanhã. É investimento, querida!”. É cada uma que eu escuto que me sinto cada vez mais fora da pós modernidade.

Enfim, segundo a minha amiga (que eu já encarava como antropóloga) o bobo é o cara que deixa passar a oportunidade. É aquele que não se dá uma segunda chance. Continuei sem entender. “É isso mesmo. Tô falando daquele cara tão inseguro que só porque não rolou algo imediatamente, ou porque você não falou o chavão que ele queria nem te liga mais, ou te trata mal quando se reencontram”.

No decorrer da fofoca perguntei se ele não tinha o direito de não gostar dela e não retornar, ou não querer mais nada. Aí ela disse que isto é normal e acontece direto (Segundo ela este tipo é o zarolho. Olha e não enxerga a pessoa maravilhosa que ela é. Metiiiiiiiiiida!). Gargalhadas atrozes.

Mas, o bobo (ou bobão como ela batizou estas criaturas) é aquele que você nota uma sintonia, uma tensão sexual no ar, uma vontade contida. No entanto, o sujeito se encolhe e põe uma máscara. Hein? “É aquele da frieza calculada. Mas, que tá doido para te dar um pega e não tem coragem.” Ah! Conheço, sim. Todo mundo já passou por isso.

Gente, este é sem dúvida o pior. É o cara que se sabota. Não precisa ninguém para atrapalhá-lo. Este é o sujeito que não entende que você não estava aberta aquele dia, mas se interessou. E pode até rolar na próxima. Aí quando você dá uma oportunidade, ou liga, ou até trata bem num encontro casual naquele bar que vocês frequentam ele pensa “com seus botões” e diz: Agora é minha vez! Vou esnobar. Aí o idiota vira realmente um desinteressante e perde a oportunidade de estar com alguém legal ou ter uma noite de sexo gostosa. Só porque ele achou isto ou aquilo e não entendeu que as pessoas podem estar num dia não tão bom para uma noite de sexo. Mas, dias ruins passam logo!

Este é o cara que gosta de joguinhos mentais e acha que tá abafando. Aí volta para casa sozinho, bêbado e com um monte de telefones e e-mails escritos no guardanapo – os quais nunca serão sincronizados. Depois ele fica tirando onda de superior e gostosão. E ainda brada para os amigos: “Mulher fresca eu quero distância. Pra mim ou dá ou desce.” Todos riem, todos acreditam.

Flavinha, querida, tens razão. Prefiro o galinha. O outro é um bobo, um bobão. Ou melhor, um cuzão.

* Nomes fictícios