terça-feira, 19 de outubro de 2010

PAIXÃO !



“Você está grávida!”
“Tô não. Atrasos são normais. Até 10 dias é muito comum.”
“Nunca ouvi dizer isso.”
“Mas é. E outra coisa: intuição feminina não falha. E eu não me sinto grávida, não”
“Arrã... Sei. E se estiver? O que você pensa em fazer? Vai ter?”
“Claro! Mas eu já falei, Alessandro: não estou grávida.”
“Então tá bom. Se estiver grávida vai ter e eu vou te apoiar em qualquer decisão. Marca o médico que segunda-feira de manhã, quando eu chegar de Roma te levo lá. Fique tranqüila”

E assim o Alessandro cresceu ainda mais dentro de mim. Eu era muito apaixonada por ele. Mas, dali em diante fiquei extasiada. Nunca tinha conhecido um cara assim. Lindo, elegante, viril, inteligente e ainda por cima Homem de verdade. Se fosse um jogo de vídeo game diria que tinha mudado de nível. Saí do estágio da paixão e entrei no de amor desmedido.

E como eu havia dito era alarme falso. Só mais uma destas pegadinhas para deixar a gente encucada e os namorados loucos pensando em arranjar um emprego melhor. E também fazê-los fumar desesperadamente.

Mas, este lance com o Alessandro foi muito, muito louco. Primeiro, porque eu me apaixonei por ele assim que o vi. Detalhe: ele estava de costas. Comecei a tremer toda. Quando ele virou e me viu senti que ele queria pular em cima de mim, mas devido a estas convenções sociais, um desconhecido num bar não avança em uma garota. Só vi um brilho totalmente diferente de tudo que eu já havia visto naquele olhar.

Conseguimos uma apresentação. E uma festa no fim de semana. Aquele beijo foi um teletransporte para sei lá qual dimensão. Só sei que procuro por esta dimensão até hoje, com sofreguidão. Aliás, sofreguidão, ânsia, desejo, entrega, romper limites, fazer o tempo parar, pegar fogo, multiplicar os prazeres eram palavras que ganhavam sentido e cresciam nos nossos momentos homem-mulher. Engraçado que nestas horas eu tinha a nítida sensação de brotarem labaredas do chão do quarto (ou sala, escada, cozinha, banheiro e outros locais que não passaram incólumes por nós – felizmente e com muito orgulho).

E aí caros amigos... os prazeres sempre intensos foram se tornando múltiplos (se é que vocês me entendem...). A paixão é uma loucura que te eleva. É saber que vai se queimar e queima achado bom. É puro desatino. É olhar para o mundo e dizer “Tô doida sim. Tô apaixonada sim. Tô realizada sim. E daí? ”

E hoje, 19 de outubro é dia do aniversário do Alê. Nasceu no mesmo dia do Vinícius de Moraes. Acho que por isso a gente viveu tão intensamente aquele amor, que para mim é imortal, posto que ainda é chama e ainda dura.

Além desta avidez e total luxuria regada a vinho, pasta, limoncello, queijos e arte (Sim belos! Não temos música de casal como a maioria. Temos um quadro que nos representa “ Vênus e Marte”, de Botticelli. Exposto na National Galley of London) sempre existiu entre nós admiração, respeito, conversas, risadas e DRs, muitas DRs...

“Alessandro, precisamos conversar”

E lá vinha ele cheio de harmonia libriana conversar, aparar as arestas, me acalmar e depois me encher beijos, abraços e carinhos. Ele tinha lá os defeitos dele, mas agora não consigo lembrar.

O relacionamento acabou. Numa boa, aliás. Guardo tantas lembranças boas dessa época que só posso dizer que valeu a pena. E que foi uma das melhores (senão a melhor) experiências da minha vida. Agradeço todos os dias por tê-lo conhecido. Agradeço por ele ter me ajudado a evoluir e me tornar um ser humano melhor. Agradeço as nossas descobertas juntos. Agradeço nossas diferenças e nossos pontos em comum. Foi uma bonita cumplicidade. Cresci muito e ele também. São estes encontros que movem o mundo. Quem nunca teve uma grande paixão, corra. Vá atrás e viva-a. É eletrizante!É vida plena na veia.

Então para as feminista e mal amados de plantão digo: Não venham me criticar porque eu levava café-da-mahã na cama para o Alessandro. Ele gostava e eu fazia com prazer. Levava sim e feliz da vida. E preparava tudo. Do café às torradinhas com geléia e manteiga, além de uvas e maçãs lavadinhas. Ah! Sem esquecer a fatia de queijo.

Quero meu direito de ser mulherzinha. De vez em quando é bom. E fazer este mimo para meu companheiro não me subestimou, não me tornou alguém subserviente, nem me reduziu. Ao contrário cresci em diversos aspectos enquanto ficávamos ali naquele “dolce far niente”, conversando, rindo, trocando idéias, beijinhos... Enquanto Florença, também acordava manhosa, com seu friozinho gostoso e seus cappuccinos maravilhosos. E a gente lá vivendo nossa paixão com suas várias formas e cores, muito além do tempo, do espaço e da nossa compreensão. Intensamente.


Alessandro, Tanti auguri! Felice compleano. Ti voglio bene per sempre!La tua brasiliana.

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